A Ediouro Duetto Editorial acabou de colocar nas bancas a edição do mês de outubro de 2014 (num. 52) da coleção História Viva Grandes Temas, dedicadas aos super-heróis das histórias em quadrinhos. Com o título Super-Heróis contam a história do Século XX, a revista dedica suas 81 páginas ao tema.
Com muitas ilustrações, grande parte do conteúdo da revista é retirado da edição francesa da revista Historia, editada pela Publicações Sophia. O restante dos artigos é elaborado por autores brasileiros, como Rodrigo Fonseca, Roberto Guedes, Eduardo Souza Lima, Michele Aparecida Evangelista e Patrícia Vargas Lopes de Araújo.
Os artigos são apresentados em ordem cronológica, enfocando o início dos quadrinhos como meio de comunicação de massa, nas páginas dos suplementos dominicais dos jornais norte-americanos e o aparecimento dos primeiros heróis, ainda não propriamente super, Mandrake e Fantasma, ambos criações do roteirista Lee Falk (o Fantasma, inclusive, merecerá da revista um artigo próprio, escrito pelo brasileiro Rodrigo Fonseca). Segue-se, como não poderia deixar de ser, o aparecimento dos primeiros super-heróis, liderados pelo Super-Homem de Jerry Siegel e Joe Shuster, uma análise da participação dos heróis na Segunda Guerra Mundial, com ênfase no Capitão América, uma discussão sobre a eterna luta do Batman contra o crime, a influência da era atômica na criação de super-heróis, especialmente no que diz respeito ao Hulk, a postura anti-comunista da primeira versão do Homem de Ferro, e os aspectos genéticos que determinaram o aparecimento dos X-Men.
Atenção especial merecem as dificuldades enfrentadas pelas histórias em quadrinhos de super-heróis na época da caça às bruxas, quando foram vítimas das acusações do Dr. Fredric Wertham, autor do livro Seduction of the Innocent, publicado em 1954. Os super-heróis brasileiros comparecem em texto de Roberto Guedes, ele mesmo criador de um deles, que destaca a longa tradição dos nossos autores nessa área e as dificuldades por eles enfrentadas para se manter em atividade. Os leitores mais antigos certamente vão se deliciar revendo personagens como o Capitão 7, Judoka, Raio Negro e Mylar.
Um toque da atualidade dos super-heróis não poderia faltar, é claro. Ele surge em três artigos, um deles versando sobre a produção de super-heróis que defendem valores islâmicos, como Zein, o último faraó, e Jalila, protetora da cidade de todas as crenças, ambos produzidos no Egito, e a super-heroina libanesa Malaak, o anjo da paz, de autoria de Joumana Medlej (suas aventuras podem, inclusive, ser lidas em inglês, na internet, no endereço http://www.malaakonline.com/) . Os dois últimos artigos da revista são escritos por autores brasileiros. O cineasta Eduardo Souza Lima mergulha nas características mais sombrias dos heróis atuais, como Batman e os heróis da consagrada minissérie Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons, enfocando a adaptação dos personagens super-heroísticos às características do novo século. Por sua vez, as historiadoras Michele Evangelista e Patrícia Araújo debruçam-se sobre a máscara utilizada pelo protagonista da minissérie V de Vingança, também roteirizada por Alan Moore, analisando como esta se transformou em símbolo de manifestantes no mundo inteiro, inclusive no Brasil.
Com conteúdo polêmico e instigante, esse número da revista é um indicador do impacto dos personagens super-heroísticos nos últimos 70 anos, desde que o primeiro personagem desse tipo foi ficcionalmente avistado voando nos céus de uma grande cidade, causando dúvida se era um pássaro ou um avião. A um preço bastante acessível - pouco menos de 14 reais -, ele não pode faltar na estante de todos os que estudam ou simplesmente admiram os super-heróis dos quadrinhos.
Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro
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