quarta-feira, 10 de abril de 2024

Quadrinhos no Instagram


As chamadas redes sociais têm surgido cada vez mais como espaço privilegiado para a publicação de histórias em quadrinhos. Devido a sua praticidade, baixo custo e disseminação, elas surgem aos olhos de autores e consumidores como uma verdadeira mina onde podem ser encontradas produções quadrinísticas de todos os tipos, gêneros, estilos e motivações. Autores iniciantes encontram nas redes sociais os leitores que antes não conseguiam atingir com seus esforços individuais por meio de fanzines e publicações alternativas. Autores mais experientes e conhecidos podem ter nas redes sociais um ambiente privilegiado para ampliar e sedimentar o seu público, além de nelas encontrar a possibilidade de produzir obras não dependentes de editoras ou empresas comerciais, fugindo da ditadura do mercado. Elas parecem ser "o melhor dos mundos possíveis", como dizia Voltaire

Serão mesmo?

Essa é a pergunta que parece estar subjacente às reflexões de Maiara Alvim de Almeida, pesquisadora do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) em seu artigo "O Instagram como suporte para publicação de quadrinhos: vantagens e desvantagens da publicação em uma rede social", recentemente disponibilizado na edição da revista 9a Arte dedicada aos trabalhos apresentados nas 7as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, realizadas em agosto de 2023.

No artigo, a professora destaca como publicar em uma rede social aparece não apenas como opção, mas muitas vezes como um imperativo para autoras e autores, tendo em vista a visibilidade que o canal, em tese, lhes traria. A possibilidade vem com diversos pontos positivos tanto para autores quanto para leitores, mas vem igualmente seguida de pontos negativos. Com tais reflexões em mente, ela apresenta as possibilidades de publicação na rede social, apontando os pontos positivos e negativos que a opção traz para quadrinistas. 

Trata-se de uma discussão atual e necessária de uma temática importante para todos os envolvidos no campo científico das histórias em quadrinhos, divulgando os resultados de uma pesquisa que vem sendo realizada há mais de quatro anos, contando, inclusive, com apoio de diversas instituições de fomento

O artigo pode ser acessado no endereço O Instagram como suporte para publicação de quadrinhos: vantagens e desvantagens da publicação em uma rede social | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

Semiótica de história em quadrinhos


A Semiótica vem sendo muito utilizada na análise de histórias em quadrinhos. Pelo menos duas obras com um olhar para os quadrinhos, produzidas por pesquisadores brasileiros de destaque na área estão disponíveis no mercado editorial: Semiótica visual: os percursos do olhar, de Antonio Vicente Pietroforte (Ed. Contexto) e Elementos de semiótica: por uma gramática tensiva do visual, de Carolina Tomasi (Ed. Atlas). Existem também muitos artigos científicos sobre o tema, publicados principalmente em revistas do campo científico dos Estudos de Linguagem.

A revista 9a Arte vem agora somar-se a esses trabalhos com a publicação do artigo de Maria Aparecida Alves da Silva, da Universidade Federal de São Carlos (campus Sorocaba), intitulado "Semiótica de história em quadrinhos: o processo criativo como tradução de uma ecologia de saberes na divulgação científica", recentemente publicado no dossiê dedicado aos trabalhos apresentados nas 7as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos.

No artigo, a autora investiga, por meio da análise semiótica, o processo criativo de estudantes de Ciências Biológicas na produção de história em quadrinhos, configurando uma Ecologia de saberes na divulgação científica. Para atingir esse objetivo, escolhe alguns exemplares de história em quadrinhos produzidas durante as aulas de uma disciplina de um curso de licenciatura em Ciências Biológicas para serem analisados, tendo como referencial analítico a Semiótica Peirceana

Os resultados demonstraram uma mobilização de saberes prévios e outros adquiridos no processo, além de um compartilhamento desses saberes em favor da manutenção do grupo, denotando um conhecimento que é próprio do grupo na produção das histórias em quadrinhos (códigos e símbolos pertencentes a área de Biologia, combinados com a linguagem das história em quadrinhos). 

O artigo está disponível emSemiótica de história em quadrinhos: o processo criativo como tradução de uma ecologia de saberes na divulgação científica | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Os paratextos nas histórias em quadrinhos



No segundo artigo do volume 12 da revista 9a Arte, o professor Ricardo Jorge de Lucena Lucas, da Universidade Federal do Ceará, enumera algumas das estratégias paratextuais de obras em quadrinhos que buscam estabelecer algum tipo de relação de referencialidade com a realidade (em termos factuais ou ficcionais). Para atingir tal objetivo, o professor baseia-se nas noções de metacomunicação e enquadramento (Bateson, Watzlawick, Goffman), de metassigno (Volli), de paratexto (Genette), do estatuto do texto ficcional (Searle, Genette) e de signos como instrumento (também) de mentira (Eco, Bougnoux, a partir de Peirce). 

No instigante artigo "Paratextos em quadrinhos factuais: como saber se e quando estamos frente à “realidade”? são analisadas quatro obras em quadrinhos: A arte de Charlie Chan Hock Chye (Sonny Liew, 2015); As mais loucas aventuras de Mickey (Lewis Trondheim e Nicolas Keramidas, 2016); Oleg (Frederik Peeters, 2020); e Guardiões do Louvre (Jiro Taniguchi, 2014). Ao final da análise, constatam-se algumas particularidades do corpus, como a posição editorial da ficha catalográfica.

O artigo está disponível para leitura e download em Paratextos em quadrinhos factuais: como saber se e quando estamos frente à “realidade”? | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

O volume 12, atual edição da revista 9a Arte, referente ao ano de 2024, encontra-se aberto a constribuições. As normas nesse sentido podem ser encontradas em Submissão | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro




quarta-feira, 20 de março de 2024

Mudanças no público leitor de mangá


Quando eu eu passava de adolescente para jovem, lá nos hoje temporalmente distantes idos da década de 1960, o mundo me parecia mais simples. Talvez eu até estivesse enganado, mas tinha a impressão de que os meninos liam gibis (em geral de super-heróis) e as meninas liam fotonovelas (em geral, histórias românticas). Isso hoje é passado. Na realidade, mesmo aquelas produções culturais produzidas para homens ou para mulheres, especificamente, já não são mais consumidas exclusivamente por esse público específico. Nada impede que as mulheres sintam prazer na leitura, por exemplo, de histórias em quadrinhos produzidas para homens. Ou vice-versa. E é bom que seja assim. Já temos rótulos demais.

Refletindo basicamente sobre essa questão no âmbito da produção de mangás, as autoras Beatriz Corrêa Oscar da Silva, Carolina Alves Magaldi e Laura Rodrigues de Freitas, todas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) apresentaram nas 7as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos da Escola de Comunicações e Artes da USP, o trabalho "Pra lá de onde o gênero faz a curva: as mudanças no perfil do público leitor de mangás shoujo e shounen". O texto, transformado em artigo científico, foi há poucos dias publicado no dossiê especial da revista 9a Arte.

As autoras almejaram discutir a intrínseca relação entre gênero e mangá, visando compreender as mudanças contemporâneas no perfil do público leitor de shoujo (mangá para mulheres) e shounen (mangá para homens). Para tal, explorararam o histórico do mangá como narrativa e representação dos perfis femininos e masculinos, discutiram os pormenores dos subgêneros shoujo e shounen e analisaram os mangás de maior destaque entre leitores do gênero oposto ao alvo da demografia em questão. Para atingir esses objetivos, partiram de pressupostos da Estética da Recepção de Hans Robert Jauss (1994 [1970]), de forma a problematizar as alterações contemporâneas nos quadrinhos japoneses.

A discussão e as interessantes conclusões a que chegaram as autoras podem ser acessadas no endereço eletrônico Pra lá de onde o gênero faz a curva: as mudanças no perfil do público leitor de mangás shoujo e shounen | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro



As representações da morte


A morte já foi representada graficamente de diversas maneiras nas histórias em quadrinhos. A mais classica, talvez, é a de uma mulher descarnada vestindo manto e capuz, carregando sempre uma foice, com a qual "ceifa" as almas dos seres vivos. Ela é em geral apresentada de forma horripilante, como nas narrativas do personagem Dylan Dog, ou com características humorísticas, como nas histórias dos Estúdios Maurício de Sousa. Mas a verdade é que essa representação pode variar de autor para autor, com alguns carregando mais nos pincéis.

Raí Garcia Mihi Barbalho VianaMaria Isabel Borges, ambos da Universidade Estadual de Londrina, buscam um desses autores, o cartunista brasileiro Alberto Benett e analisam as formas como este realiza a representação da morte em sua obra. Como critérios de seleção do corpus, os autores elencam produções publicadas na página do Facebook “Benett Apavora”; gêneros tira cômica e charge; e produções que evidenciem a temática da morte por meio de símbolos visuais reconhecíveis (caveira, ceifador, esqueleto). Nesse sentido, o escopo temporal delimitado (janeiro de 2020 a abril de 2023) parece ter sido muito favorável, pois muitas produções abordavam a pandemia pela Covid-19

O levantamento resultou em 52 textos sobre a morte, sendo 42 charges e 10 tiras. Para o artigo, intitulado "As faces da morte e o lado descarnado da vida segundo Benett", foram escolhidas cinco amostras para análise: duas tiras cômicas e três charges. O aporte teórico é composto por estudos sobre símbolos da morte, linguagem e gêneros das histórias em quadrinhos. A análise comprovou a prevalência da caveira e do ceifador, dada sugestão evocativa da morte, mas atestou que o efeito de sentido da utilização pode ser alterado de texto para texto.

O artigo representa mais uma adição ao dossiê das 7as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, que compõe um número especial da revista 9a Arte. Ver em: As faces da morte e o lado descarnado da vida segundo Benett | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

Representação dos negros nos mangás



Como mencionado em postagem anterior - ver postagem Observatório de Histórias em Quadrinhos - USP: Fragmentos da memória negra nos quadrinhos brasileiros (observatoriodehistoriasemquadrinhos.blogspot.com) - a representação dos negros nas histórias em quadrinhos tem atraído cada vez mais o interesse dos pesquisadores brasileiros. Nesse sentido, pode-se afirmar que o artigo elaborado por Anna Luísa Diniz Felipe e Michele Delbon Silva, vem corroborar essa constatação, dessa vez enfocando um tipo específico de história em quadrinhos, o mangá. No caso, as autoras se debruçam sobre uma produção específica, a série Jojo´s Bizarre Adventure, destacando como ela aborda questões de identidade negra e diversidade, ainda que de maneira problemática, na cultura japonesa

No artigo "Negros mágicos” e a evolução da representação de negritudes em Jojo’s Bizarre Adventure", as autoras discutem a importância da representatividade e exploram as implicações sociais e culturais dessa representação, focando em personagens como Muhammad Avdol e padre Pucci para questionar estereótipos raciais.

O artigo é um dos recentes acréscimos ao dossiê das 7as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos que está sendo publicado pela revista 9a Arte. Interessados podem ter acesso a ele no endereço eletrônico “Negros mágicos” e a evolução da representação de negritudes em Jojo’s Bizarre Adventure: os casos de Avdol e Pucci | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

Trata-se de uma boa e instigante abordagem ao tema.

Prof.. Dr.. Waldomiro Vergueiro


terça-feira, 19 de março de 2024

Fragmentos da memória negra nos quadrinhos brasileiros

 


Pode-se afirmar que é muito difícil contabilizar os fatos e personagens negros na história brasileira que não foram devidamente documentados, registrados, transmitidos pela história oficial, e que, em diversos movimentos de reavivamento e resgates, vêm sendo “descobertos” e têm suas histórias, então, divulgadas. Isso vem ocorrendo por meio da literatura, das artes visuais, do jornalismo e dos quadrinhos que, para além de abordagens autobiográficas, também se debruçam, por exemplo, em discorrer sobre eventos históricos, em biografar a vida de terceiros, em falar da relação de manifestações, objetos ou espaços com determinadas comunidades e grupos.  

Tendo a memória, enquanto seu resgate e sua manutenção, como ponto focal em sua abordagem, esses trabalhos dialogam também com pontos sensíveis da arte afro-brasileira. Tal ocorre com o artigo de Leonardo Rodrigues dos Santos, intitulado "O desvelar da cultura negra nos quadrinhos brasileiros", publicado na edição da revista 9a Arte dedicada à reunião dos trabalhos apresentados nas 7as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos

O artigo objetiva debater como alguns quadrinhos vêm operando como ferramenta de perpetuação de diferentes fragmentos da memória negra brasileira, analisando essas produções pelas lentes da história, história da arte e de estudos raciais. Trata-se de um acréscimo muito bem vindo à temática, que cada vez recebe maior atenção de pesquisadores de quadrinhos.

O artigo pode ser acessado no endereço O desvelar da memória negra nos quadrinhos brasileiros | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

quarta-feira, 6 de março de 2024

43o Colóquio Virtual do Observatório de Histórias em Quadrinhos ocorre em 08 de março de 2024



43o Colóquio Científico Virtual do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP ocorrerá nesta sexta-feira, 08 de março de 2024, das 20 às 22 horas. O colóquio terá a seguinte programação:

1. Apresentação da pesquisa de Doutorado de Miguel Geraldo Mendes Reis, intitulada Alfredo Storni e seu Zé Macaco: a pedagogia da subjetividade moderna nas historietas e O Tico-Tico. Vencedora do prêmio HQMIX de melhor tese de doutorado em 2022, a pesquisa foi realizada no Programa de Pós graduação em Comunicação do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, sob a orientação da Profa. Dra. Tatiana Oliveira Siciliano.

2. Discussão do do livro The Routledge Companion to Comics, de Frank Bramlett, Roy T. Cook e Aaron Meskin (eds.), com a apresentação do capítulo “A brief history of comics in Italy and Spain", de Simone Castaldi, sob coordenação de nosso colega Roberto Elísio dos Santos.

Para participar do Colóquio, basta preencher o formulário Google em https://forms.gle/FExipUsB6CnksYKu9 e acessar o link a ser enviado posteriormente entre às 19h45 e 20h15 no dia da reunião. (atenção: pedimos a todos que solicitem ingresso na sala utilizando seu nome completo, evitando pseudônimos e nomes fantasia - não será autorizado o ingresso de pessoas com nomes que não permitam identificação). Não serão aceitas participações após as 20h15

Ao início do Colóquio, certifique-se de DESLIGAR o microfone e a câmera. Indicamos também a utilização de fones de ouvido para reduzir ruídos. A reunião em vídeo (ao vivo) pode também ser acessada por celular. Em caso de PCs e laptops, recomendamos o browser Google Chrome.

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

sexta-feira, 1 de março de 2024

Terror à moda Disney


Na publicação Spookyzone: histórias de terror (2021) Huguinho, Zezinho e Luisinho, os conhecidos sobrinhos do Pato Donald, viajam por vários países da Europa e lá enfrentam diversos perigos sobrenaturais. A obra em quadrinhos possui quatro aventuras, cada uma dividida em duas partes. Dentre elas, Felipe Campos escolheu a história intitulada “Nas sombras da Floresta negra” como objeto de sua pesquisa.

A história mantém diálogo com vários elementos de contos de fadas aliados, como esperado, a certas convenções e personagens encontrados comumente em narrativas de medo. Em sua pesquisa, Felipe Campos buscou observar como são as estratégias utilizadas pelos textos verbal e não verbal no objetivo de causar medo no leitor. Conclui que essa publicação é um exemplo de como o terror também pode agradar leitores mais jovens, quando produzido diretamente para eles. Além de estabelecer um primeiro contato com o gênero, abre a possibilidade para que este possa se transformar em interesse no futuro, com potencial aumento no número de leitores adultos. 

A pesquisa encontra apoio teórico em Carlos Reis, Paulo Ramos, Stephen King e Thierry Groensteen. Com o título de "Histórias de medo para crianças como primeiras leituras de terror e a viagem assustadora de Huguinho, Zezinho e Luisinho", ela foi apresentada nas 7as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos do Observatório de Histórias em Quadrinhos da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP).

Interessados em conhecer melhor esta discussão inovadora sobre a introdução de leitores no gênero terror têm acesso a ela em artigo que foi publicado no dossiê das 7as Jornadas da revista 9a Arte. O endereço para tanto é Histórias de medo para crianças como primeiras leituras de terror e a viagem assustadora de Huguinho, Zezinho e Luisinho | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

40o Colóquio Científico do Observatório de Histórias em Quadrinhos já está disponível no You Tube



Já está disponível na página do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP no You Tube a gravação de nosso 40o Colóquio Científico Virtual, realizado em dezembro de 2023.

Nesse colóquio, tivemos a palestra intitulada "O impacto da Inteligência Artificial (IA) na elaboração de produtos da cultura POP", proferida pelo Prof. Dr. Gilson Schwartz, economista e cientista social, professor do Departamento de Cinema, Rádio e TV da Escolo de Comunicações e Artes da USP. Na palestra o professor explanou sobre o panorama atual da IA no mundo e as suas diversas aplicações nas várias áreas do conhecimento, destacando seu impacto na produção da cultura POP.

Trata-se de uma ótima oportunidade para adquirir conhecimentos sobre um tema que está chamando muito a atenção do mundo da cultura, inclusive dos produtores de histórias em quadrinhos, muitos dos quais se sentem até um pouco ameaçados pela IA.

O 40o Colóquio Científico pode ser acessado no endereço 40º Colóquio: O impacto da Inteligência Artificial (IA) na elaboração de produtos da cultura pop (youtube.com).

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Academiczine dá destaque ao blog do Observatório


O Academiczine, fanzine elaborado por nosso colega pesquisador Prof. Dr. Gazy Andraus, traz em seu número 4 uma matéria especial sobre o blog do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP.

Nessa edição do fanzine, o colega historia o surgimento do blog e destaca algumas de suas matérias.

A Gazy Andraus, nosso mais sincero agradecimento

O Academiczine é realizado em parceria com a editora Marca de Fantasia, de nosso colega,  Henrique Magalhães, um dos pesquisadores de quadrinhos mais impontantes  no país. Interessados podem conhecer os vários números já publicados do fanzine no site da editora:  Marca de Fantasia.

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

Pesquisadores argentinos enfrentam dificuldades

O Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP recebeu na semana passada email de nosso colega Sebastian Horacio Gago. No email, o pesquisador argentino relata o contexto de crise e de corte de recursos do sistema de ciência e tecnologia da Argentina, que tem preocupado toda a comunidade científica de seu país, bem como os esforços dessa comunidade para reverter a situação

Informa, também, a criação de uma rede de diretores de institutos e unidades executoras do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas  (CONICET), denominada RAICYT (Red de Autoridades de Institutos de Ciencia y Tecnología)..

Uma das iniciativas da rede é a convocatória de pedido de apoios internacionais, pelo que nos solicitam uma carta de adesão à luta dos pesquisadores, que pode ser  utilizada como recurso de pressão perante as autoridades do Governo federal.

Sensíveis às dificuldades dos colegas do país vizinho - não faz muitos anos, vivíamos situação semelhante no Brasil -, já encaminhamos carta em nome de todos os pesquisadores ligados ao Observatório de Histórias em Quadrinhos, que pode ser lida abaixo.

Todo o apoio aos pesquisadores argentinos!

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro. 





sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Abertas as inscrições para as 8as Jornadas Inteernacionais de Histórias em Quadrinhos

De 19 de fevereiro até 24 de março estão abertas as inscrições para as 8as. Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, que ocorrerão na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, em São Paulo, de 20 a 23 de agosto de 2024. Estão convidados pesquisadores, pós-graduandos e estudantes da graduação. Haverá emissão de certificados com carga horária de atividade.

As Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos são o congresso acadêmico mais importante sobre quadrinhos no Brasil, tendo reunido de duzentos a trezentos pesquisadores e estudantes de todo o Brasil e países sul-americanos a cada edição, em eventos passados.

O Professor John Lent, o crítico britânico Paul Gravett, os pesquisadores Dr. Randy Duncan, Dr. Nick Sousanis, Dra. Barbara Postema, Dr. Carol Tilley e a Vice-Cônsul do Japão Akiko Kikuchi foram nossos palestrantes principais em 2013, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2023, respectivamente. Trina Robbins, Dr. Daniele Barbieri, Dr. Jesús Jimenez Varea, Dr. Manuel Barrero, Dra. Laura Vázquez e Juan Sasturain (Argentina), Dr. José Campoh (Colômbia), Dr. Jorge Montealegre (Chile) e Maria Victoria Saibene (Uruguai) já estiveram conosco.

As normas e detalhes estão disponíveis no site oficial do congresso: https://www.jornadasinternacionais.com.br/.

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

O imaginário do monstruoso nas histórias em quadrinhos



A pesquisa sobre histórias em quadrinhos tem crescido muito no Brasil e no mundo. Na maioria das vezes, enfoca aspectos variados dos quadrinhos nas diversas diversas áreas do conhecimento, refletindo sobre obras já existentes. Não são ainda tão comuns as pesquisas que refletem sobre a própria criação quadrinística do pesquisador, discutindo objetivos, processos de elaboração, metodologias e opções artísticas

Esse foi o caminho seguido por Cassius André Prietto Souza em sua tese de doutoramento em Educação, defendida na Universidade Federal de Pelotas, conforme relata em artigo científico publicado no dossiê especial da revista 9a Arte. O dossiê é dedicado aos trabalhos apresentados às 7as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, realizadas em 2023.

No artigo "A história em quadrinhos Criadores e criaturas e o imaginário do monstruoso", o autor descreve sua pesquisa, elaborada como uma história em quadrinhos. Nessa pesquisa, ele investiu numa jornada rumo ao universo do monstruoso, tendo como foco os criadores Edgar Allan Poe e Mary Shelley e, as criaturas Lenore, O Corvo e Frankenstein

A jornada inicia quando o pesquisador, perdido em sua investigação, é visitado pelo teórico do imaginário Gilbert Durand, um mentor, que abre um portal mágico, transportando os dois personagens para o universo do imaginário. A aventura apresenta ao pesquisador as teorias do imaginário e o universo do monstruoso, revela anseios e tensões que animam criadores e repercutem sobre as criaturas, emoções e inquietações que impulsionam a poética do monstruoso.

Trata-se de um percurso muito interessante, que merece ser conhecido por outros pesquisadores da área. Nesse sentido, o artigo está disponibilizado no endereço A história em quadrinhos Criadores e criaturas e o imaginário do monstruoso | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

Segunda parte do 39º Colóquio Científico Virtual do Observatório de Histórias em Quadrinhos está no YouTube


Já foi publicado no YouTube a segunda parte do 39o Colóquio Científico Virtual do Observatório de Histórias em Quadrinhos da USP, realizado em 10 de novembro de 2023. 

No vídeo é apresentada a discussão do livro The Routledge Companion to Comics, de Frank Bramlett, Roy T. Cook e Aaron Meskin (eds.), com a apresentação do capítulo “French and Belgian Comics", de Mark McKinney, realizada pelo Prof. Gazy Andraus.

O video, por sua vez, pode ser acessado no endereço: https://www.youtube.com/watch?v=PRLQOijhzgo.

Celbi Pegoraro



quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Gibiteca Stan Lee

Uma gibiteca pode ser muitas coisas. Uma coleção de publicações de histórias em quadrinhos, englobando revistas, coletâneas de tiras, graphic novels e fanzines. Um espaço físico onde se guardam publicações de quadrinhos selecionadas, adquiridas e organizadas com a finalidade de preservá-las para a posteridade. Ou pode ser, como preferem os autores do artigo "A Gibiteca Stan Lee: uma articulação entre quadrinhos, leitura e temas transversais", um espaço de socialização de leituras de quadrinhos. Indo além, Alex Simões Caldas, Jehisa Kiister Clementino, João Vítor do Vale da Rocha e Kedson de Oliveira Bertazo, professor e alunos do Instituto Federal do Espírito Santo, acreditam que um gibiteca é um estímulo à leitura multimodal, à crítica e à reflexão à indústria cultural

A partir dessa consideração, o artigo relata a experiência de implementação da Gibiteca itinerante Stan Lee, na cidade de Venda Nova do Imigrante (ES), por meio de um projeto acadêmico de pesquisa que contou com o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Espírito Santo (FAPES/ES), através do Edital de Extensão Universal. 

O projeto articulou os quadrinhos aos temas transversais propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais às datas comemorativas do ano letivo escolar e às temáticas escolares relevantes. Nesse sentido, tomaram a história em quadrinhos como um objeto interdisciplinar e integrador das disciplinas. Como resultados parciais do projeto foram constatados os seguintes avanções: (a) a constituição de um acervo representativo de revistas em quadrinhos, cujo critério foi abordar os temas transversais; e (b) a realização de oficinas de leitura sobre o mês da mulher, tendo como base a alfabetização dos quadrinhos, na qual a sua linguagem foi apresentada. 

Como objeto de estudo foram utilizadas as publicações Mulher-Maravilha: deuses e mortais, de Len Wein e George Pérez, de 2016, e Mafalda: feminino singular, do argentino Quino, de 2020. A proposta foi desenvolvida na biblioteca da Escola Estadual Domingos Perim, na cidade de Venda Nova do Imigrante, no estado do Espírito Santo (ES) e revelou ser um instrumento relevante para discussão dos temas transversais e do currículo oculto. A leitura da história em quadrinhos mobilizou conhecimentos de leitura, sociedade e texto.  

Quem quiser saber mais sobre o processo de implantação da Gibiteca Stan Lee pode acessar o artigo no endereço eletrônico The A Gibiteca Stan Lee | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

Quadrinhos e fotografia


Aproximações entre a arte das histórias em quadrinhos e a da fotografia têm aparecido cada vez com mais frequência na produção quadrinística. Esta temática, inclusive, tem sido com frequência objeto de palestras e artigos científicos. A revista 9a Arte, por exemplo, publicou em 2018 um artigo da pesquisadora Barbara Postema que trata desse tema - "A fotografia nas histórias em quadrinhos sem palavras", disponível em A fotografia nas histórias em quadrinhos sem palavras | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br). Da mesma forma, pode-se dizer que a temática surgiu bem cedo nas Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos quando, já na segunda edição do evento, realizada em 2013, Rafael Martins apresentou o trabalho "Fotografando o relato; narrando a fotografia. Um abordagem intermidiática de O Fotógrafo"(disponível em 4 - ARTIGO - RAFAEL MARTINS - HQ E JORNALISMO.pdf (usp.br)).

Essa temática foi novamente abordada nas 7as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, realizadas em agosto de 2023, cujos trabalhos estão sendo publicados no dossiê especial da revista 9a Arte. Estou aqui me referindo ao artigo "'E se fez a luz': a revelação da memória pela luz fotográfica em Regresso ao Éden, de Paco Roca", de autoria de William Farago e Juliana Estanilau de Ataíde Mantovani, da Universidade de Brasília (disponível em: “E se fez a luz” | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br)).

O autor espanhol Paco Roca é conhecido por abordar a temática da memória em suas histórias em quadrinhos. Em Regresso ao Éden (2022), a memória surge por meio das fotos presentes na obra. O artigo se debruça exatamente sobre essa obra, buscando analisar como o autor trabalha a memória através das fotografias nesse quadrinho, utilizando em sua estrutura uma composição gráfica similar à de uma câmera fotográfica analógica. Nesse viés, os autores entenderam como fulcral analisar os diálogos temáticos e estruturais da história em quadrinhos com a fotografia, partindo da perspectiva do ato fotográfico e das relações entre fotografia, memória e perda. Além disso, também sentiram necessário adentrar nos estudos fotoliterários e questionar os efeitos de sentido gerados pelas fotos e retomar os estudos intermidiáticos para interpretar os diálogos entre mídias. O resultado traz uma significativa contribuirão para o diálogo entre fotografia e quadrinhos, buscando verificar sua complementaridade.

O artigo certamente representa uma leitura valiosa para aqueles que se interessam pelas duas formas de manifestação.

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro



Notas de tradução em scanlations


Scanlations são traduções de histórias em quadrinhos asiáticas realizadas por fãs e colocadas na internet. Representam uma oportunidade de leitura para os admiradores desses quadrinhos que não dominam o idioma original. Eles são geralmente realizados por amadores, de forma voluntária, visando difundir as obras internacionalmente. Pode-se dizer que se trata de um fenômeno que atinge vários países, constituindo uma prova da popularidade desse tipo de história em quadrinhos.

Os scanlations chamaram a atenção de Beatriz Corrêa Oscar da Silva que a eles tem dedicado, já com certa constância, seus esforços acadêmicos. Em seu mais recente artigo científico, publicado no dossiê da revista 9a Arte dedicado aos trabalhos apresentados nas 7as. Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, Beatriz escolhe um aspecto das scanlations pouco tratado até o momento na Academia, as notas de tradução que eles contêm.

O artigo "Entre autor e leitor se mete a colher: notas de tradução em scanlations de Mo Dao Zu Shi" visa elencar e analisar os tipos de notas de tradução encontrados em scanlations de quadrinhos asiáticos, particularmente no quadrinho chinês Mo Dao Zu Shi, para que possamos entender como essas notas podem contribuir para a leitura de uma obra. Para isso, utiliza sete das categorias de paratexto de Kathryn Batchelor (2018), considerando as notas de tradução como elementos paratextuais.

Trata-se de uma proposição bastante instigante, que certamente despertará o interesse dos amantes de quadrinhos japoneses, chineses, coreanos e outros. Eles está disponível no endereço Entre autor e leitor se mete a colher | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

42º Colóquio Científico Virtual do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP ocorre em 02.02.2024

Fonte: Rodrigues, 2023, p. 69

O 42o Colóquio Científico Virtual do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP ocorrerá nesta sexta-feira, 02 de fevereiro de 2024, das 20 às 22 horas. O colóquio terá a seguinte programação:

1. Apresentação da pesquisa de Doutorado de Adriana Araújo Dutra Rodrigues, intitulada Esquadrinhando a Ciência: estudo da linguagem presente em quadrinhos de Ciências, realizada no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, sob a orientação do Prof. Dr. Eduardo Fleury Mortimer.

2. Discussão do do livro The Routledge Companion to Comics, de Frank Bramlett, Roy T. Cook e Aaron Meskin (eds.), com a apresentação do capítulo “Comics in Latin America", de Ana Merino, sob coordenação do Prof. Dr. Paulo Ramos.

Para participar do Colóquio, basta preencher o formulário Google em https://forms.gle/FExipUsB6CnksYKu9 e acessar o link a ser enviado posteriormente entre às 19h45 e 20h15 no dia da reunião. (atenção: pedimos a todos que solicitem ingresso na sala utilizando seu nome completo, evitando pseudônimos e nomes fantasia - não será autorizado o ingresso de pessoas com nomes que não permitam identificação). Não serão aceitas participações após as 20h15

Ao início do Colóquio, certifique-se de DESLIGAR o microfone e a câmera. Indicamos também a utilização de fones de ouvido para reduzir ruídos. A reunião em vídeo (ao vivo) pode também ser acessada por celular. Em caso de PCs e laptops, recomendamos o browser Google Chrome.

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Gibiteca da cidade de São Roque homenageia Álvaro de Moya, fundador do Observatório de Histórias em Quadrinhos



A Gibiteca da Biblioteca Pública Municipal Prof. Arthur Riedel, da cidade de São Roque, SP, passa, a partir desta terça-feira, 30 de janeiro, a se chamar “Gibiteca Álvaro de Moya”. Trata-se de uma merecida homenagem a um dos pioneiros na defesa das histórias em quadrinhos no Brasil.

Desenhista, jornalista, diretor de cinema e televisão, Álvaro de Moya faleceu em agosto de 2017. Foi um dos organizadores da Primeira Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos, em 1951, na cidade de São Paulo, a primeira exposição de quadrinhos no mundo a utilizar material original (e também a valorizar o meio, contrariamente a outras exposições que ocorreram por aquela época).

Autor de vários livros e artigos sobre histórias em quadrinhos, Moya foi professor do Departamento de Cinema da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo durante várias décadas. Na ECA, foi um dos fundadores do Observatório de Histórias em Quadrinhos, em 1990, atuando durante vários anos no nosso grupo de pesquisa.

Grande entusiasta e incentivador dos quadrinhos no Brasil, Álvaro de Moya merece todas as homenagens possíveis e imagináveis.

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

Personagem RanXerox é analisado em artigo da revista 9a Arte


Aqui no Brasil, quando relacionamos histórias em quadrinhos e movimento punk, talvez a primeira coisa que nos venha à memória seja Bob Cuspe, personagem criado por Arnaldo Angeli Filho nos anos 1980. Mas existe outro, produzido pelos italianos Stefano Tamborini e Tanino Liberatore, mais ou menos na mesma época, com a mesma pegada punk. Internacionalmente, ele é bem mais famoso que o personagem do quadrinista paulistano e parece levar o universo punk muito mais a sério. Trata-se de RanXerox,  tipo de robô frankenstein que vive em uma sociedade distópica futurista.

O personagem foi publicado no Brasil na extinta revista Animal, no final da década de 1980. E é sobre essas histórias que Geovano Moreira Chaves, do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais, Campus Inconfidentes, se debruça para escrever seu artigo "Histórias em quadrinhos como manifestações do movimento punk: uma análise de RanXerox", recém-publicado na revista 9a Arte, no dossiê dedicado aos trabalhos apresentados nas 7as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos.

Doutor em História e Culturas Políticas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o autor defende que as histórias em quadrinhos correspondem a espaços de manifestações do movimento punk, na mesma medida que outras formas de linguagens e manifestações artísticas, associadas a políticas, ideologias e estéticas, porém, não contam com a mesma notoriedade neste aspecto. Assim, por meio das análises de RanXerox, postula que o movimento punk não apenas foi utilizado como narrativa e inspiração para as histórias em quadrinhos, mas, que o movimento punk também se constituiu por meio das histórias em quadrinhos.

Trata-se uma temática audaciosa, que merece a atenção de todos os estudiosos da influência dos quadrinhos na sociedade. O artigo está disponível para leitura e download no endereço Histórias em quadrinhos como manifestações do movimento punk | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

Artigo sobre Guerra dos Farrapos abre volume 12 da revista 9a Arte



Já foi iniciada a publicação do volume 12 da revista 9a Arte, referente a 2024. O primeiro artigo publicado versa sobre a obra A Guerra dos Farrapos, de Tabajara Ruas e Flávio Colin, publicada originalmente em 1985

Segundo o artigo, ao elaborar os desenhos para a graphic novel, Colin apropriou-se de alegorias e símbolos, procurando criar o efeito de um realismo visual e investindo em pesquisa imagética para a caracterização de um jeito específico dos personagens, dos cenários e dos figurinos. Na análise dos quadrinhos, foram considerados os signos plásticos (linhas, texturas, planos, cores, composição), icônicos (figuras, cenários, caracterização de personagens, símbolos) e verbais. A análise também identificou que os elementos da cultura gaúcha foram representados, principalmente nas cenas de lutas e negociações, construindo uma narrativa que usa os acontecimentos dessa revolta para pensar as diferentes identidades de um Brasil sulista. Os traços expressionistas deram tom de crítica, heroísmo e aventura a alguns dados históricos.

O artigo, intitulado "Cultura e identidade na obra A Guerra dos Farrapos, de Flávio Colin", é de autoria de Neuza de Fátima da Fonseca e Marilda Lopes Pinheiro Queluz, ambas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ele  pode ser acessado, para leitura e downloado, no endereço Cultura e identidade na obra A Guerra dos Farrapos, de Flavio Colin | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

sábado, 20 de janeiro de 2024

Volume 12 da revista 9a Arte começa a ser publicado



Iniciada oficialmente a publicação do volume 12 da revista 9a Arte (v. 12 (2024) | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br), órgão oficial de comunicação científica do Observatório de Histórias em Quadrinhos da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

Criada em 2012, a revista tem como objetivo divulgar artigos científicos inéditos sobre histórias em quadrinhos, resultantes de pesquisas acadêmicas desenvolvidas por pesquisadores do Brasil e do exterior, garantir espaço para depoimentos e entrevistas de  personalidades significativas para o desenvolvimento das histórias em quadrinhos no Brasil, bem como a resenhas sobre publicações de caráter científico sobre quadrinhos publicadas no Brasil ou no exterior, além de registrar o panorama de atividades (trabalhos acadêmicos, exposições, eventos, etc.) sobre histórias em quadrinhos desenvolvidas no país.

Publicada no sistema de fluxo contínuo - ou seja, cada a artigo é publicado à medida em que é avaliado e aprovado pelo Conselho Editorial Científico, a revista está permanentemente aberta ao recebimento de novas submissões, que podem ser feitas no endereço eletrônico Submissões | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Definida a data de realização das 8as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos

A data de realização das 8as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos já foram definidas. O evento ocorrerá de 20 a 23 de agosto de 2024, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo

A Jornadas retornam este ano a seu formato original, com as conferências e apresentação de trabalhos ocorrendo de forma presencial.

O calendário para inscrições e envio de trabalhos será divulgado oportunamente.


Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Aplicação de histórias em quadrinhos em educação física escolar


Já ouvi afirmarem - e eu mesmo o fiz algumas vezes -, tanto que as histórias em quadrinhos podem ser utilizadas com objetivos didáticos nas mais variadas áreas e disciplinas de ensino como que, em princípio, não há limite para isso. Talvez tal pretensão seja até um excesso de confiança da parte dos estudiosos de quadrinhos, mas praticamente a cada dia nos defrontamos com aplicações às quais não havíamos ainda atentado. É o que me ocorreu ao me deparar com o artigo de Admir Soares de Almeida Júnior, que reflete sobre como as histórias em quadrinhos podem colaborar para o ensino de educação física escolar.

Publicado no dossiê das 7as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, onde foi apresentado como um dos trabalhos científicos da sessão "Quadrinhos e Educação - III", o artigo apresenta algumas reflexões iniciais advindas de uma revisão sistemática de literatura relacionada à produção de conhecimento sobre história em quadrinhos e educação física escolar, analisando 08 artigos científicos, publicados no período entre os anos de 2006 a 2022 que enfocam essa temática. Pela narrativa de Almeida Júnior, apreende-se que os artigos se caracterizaram, em sua maioria, como relatos de práticas pedagógicas desenvolvidas no âmbito das aulas de Educação Física Escolar, o que pode sinalizar para uma preocupação não tão recente por parte dos docentes dessa disciplina, e que é possível se destacar a relação de subordinação da linguagem dos quadrinhos aos conteúdos específicos da Educação Física. Essa análise de conteúdo permite ao autor apresentar alguns caminhos possíveis da relação entre quadrinhos e educação física escolar no contexto das práticas pedagógicas e de pesquisas.

O artigo, intitulado História em quadrinhos e educação física escolar:     essa relação “dá jogo”? pode ser acessado no endereço   História em quadrinhos e educação física escolar | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).  Ele   vem   a   se   somar    a  outras  aplicações  de  quadrinhos   propostas  nas  7as.  Jornadas,  como  as   relacionadas    à    matemática      (Observatório de Histórias em Quadrinhos - USP: Uso de quadrinhos em aulas de Matemática),          educação   sexual    (Observatório de Histórias em Quadrinhos - USP: Uma história em quadrinhos para ensinar educação sexual)      e        história (Observatório de Histórias em Quadrinhos - USP: Por Tutatis! Vamos para as aulas de História)  já    divulgadas neste blog. 

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

domingo, 14 de janeiro de 2024

Um processo criativo incompleto para criação de quadrinhos


Pode-se dizer que os processos criativos nos quadrinhos são variados e talvez não tenham sido ainda totalmente explorados. Nos últimos tempos, estudiosos, pesquisadores e também autores de quadrinhos têm se debruçado sobre essa questão, tentando compreender esses processos e assim compreender melhor ou desvendar o que envolve a produção de histórias em quadrinhos. O artigo "Quadrinhos e processo incompleto", recém-publicado na revista 9a Arte, pode ser incluído entre essas iniciativas. Apresentado originalmente como um trabalho nas 7as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, realizadas em agosto de 2023 na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, o artigo apresenta um processo muito particular de criação

Escrito por Lucas Muniz Reis e Irene de Mendonça Peixoto, "Quadrinhos e processo incompleto" reflete sobre o processo de criação desenvolvido pelo primeiro autor, a partir pseudônimo “Sem Cabeça”, por meio do qual são realizadas experimentações com as possibilidades criativas da linguagem dos quadrinhos. No texto, destaca-se, como característica marcante dessa poética, a abertura que acontece desde o começo do processo, ao experimentar livremente em cadernos e livros de artista, até as etapas finais, nas quais esses materiais são editados para compor publicações que, no entanto, não apresentam uma finalização... daí a ideia de algo incompleto, inacabado, em continuidade, que pode estimular novas possibilidades tanto para leitura quanto para futuras criações. 

Trata-se de um texto ousado e provocativo, que merece a atenção daqueles que se interessam pelos processo de criação envolvidos nos quadrinhos. Ele está disponível no endereço  Quadrinhos e processo incompleto | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

sábado, 13 de janeiro de 2024

Livro sobre aspectos epistemológicos dos quadrinhos é objeto de resenha da revista 9a Arte


Ao analisar o livro Quadrinhos: autorialidade, práticas institucionais e interdiscurso, de Lucas Piter Alves-Costa, publicado em 2021, o professor Paulo Ramos, em resenha que elaborou para a revista 9a Arte, inicia mencionando a tradição brasileira de olhar os aspectos epistemológicos dos quadrinhos a partir do viés de autores estrangeiros. Afirma tal fato para destacar a singularidade do livro de Alves-Costa, que não segue esse caminho.~

Com várias obras publicadas sobre a Linguagem das Histórias em Quadrinhos, além de um sólido currículo como orientador na área, Paulo Ramos tem autoridade para fazer uma afirmação de tal monta. Com base em sua experiência, ele destaca os principais aspectos da obra de Alves-Costa, salientando sua opção pelas premissas da análise do discurso propostas pelo francês Dominique Mangueneau e detalha a estrutura do livro, fruto da tese de doutorado de seu autor. 

Na resenha, Paulo Ramos sinaliza vários questionamentos que o texto de Alves-Costa suscitaram, indicando possibilidades de aprofundamento que podem ser seguidas pelos leitores do livro. Destaca ainda a complexidade da obra, que merece várias leituras, e conclui de forma positiva, afirmando que o objetivo do autor com o livro foi plenamente cumprido.

Vale a pena conferir. A resenha está disponível no endereço eletrônico Quadrinhos | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).

 Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro

PS: A revista 9a Arte tem por objetivo divulgar a literatura especializada sobre histórias em quadrinhos. Se você leu ou identificou alguma obra teórica de qualidade e deseja recomendá-la, escreva uma resenha e colabore com outros estudiosos dos quadrinhos.