Em quatro de dezembro de 2015, o Colóquio do Grupo de Pesquisa em
Histórias em Quadrinhos da ECA-USP reuniu pesquisadores e/ou interessados por discussões e novidades do mercado
editorial e acadêmico sobre histórias em quadrinhos. Presidida,
pelo Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro, a reunião iniciou-se às 20:00 horas na sala
247 com a presença dos seguintes pesquisadores: Roberto Elísio dos Santos,
Adriano Leonel, Karina Goto, Diego de Kerchove, André Moreira de Oliveira,
Washington Luiz dos Santos, Nobuyoshi Chinen, Moisés Baptista, Cristiane Santana Mathias, Simonia
Fukue Nakagawa, Daniela Marino, Fernanda Alcântara, Paulo Ramos, Gazy Andraus,
Priscila de Faria Freire, Ivana M Bambirra, Denis B. Oliveira, Luiz Carlos
Salles, Maurício Kano, Ilton Lucas Silveira Rocha, Omar Sanchez. A reunião foi
iniciada com a apresentação das aquisições dos participantes na Feira do Livro
da USP, seguida pelo anúncio do 23º aniversário da Gibiteca Municipal de Santos
por Daniela Marino. O Prof. Waldomiro agradeceu
a divulgação e comentou sobre a sua mais recente publicação em parceria com a
pesquisadora Regina Behar, Heróis da resistência: uma história dos quadrinhos paraibanos (1963-1991), pela Marca de Fantasia. O professor Paulo Ramos divulgou a data e o tema
das próximas Jornadas Temáticas de Histórias em Quadrinhos que devem acontecer
nos dias 12 e 13 de julho no Campus da Unifesp Guarulhos, seguidas no dia 14
pelo SEMESQ que acontece no mesmo lugar. O tema das Jornadas é “Reflexos do
Real” cuja intenção é abordar como a realidade é representada em histórias não
fictícias. Os participantes ainda comentaram sobre a Comic Com Experience
ocorrida no final de semana anterior. Adriano Leonel e Fernanda Alcântara conseguiram
assistir a alguns painéis com a Master Class ministrada por Scott McCloud e o
painel de mulheres e quadrinhos.
segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
Ata do Colóquio Científico do Observatório de Histórias em Quadrinhos - Dezembro de 2015
Como de praxe, durante o colóquio
foi discutido um livro teórico, na ocasião, a continuidade do livro Quadrinhos: História moderna
de uma arte global de Dan Mazur e Alexander Danner, sob a coordenação de Omar
Sanches, mais especificamente o décimo terceiro capítulo, que tratou sobre O Alvorecer das Graphic Novels e a Geração
Raw Comics. Sob a perspectiva de Bakhtin, Omar explicou que o estilo não
gera os gêneros e que estes não devem ser estudados enquanto objetos, mas os
textos inseridos nesses gêneros que devem ser observados. Eisner cunhou o termo
Ghraphic Novel, que define um estilo
com recursos narrativos próprios. Na mesma época, por volta dos anos 1980,
houve um crescimento no número de publicações alternativas, gerando uma breve
discussão sobre as diferenças entre o que seria alternativo e o que seria
underground, o que os professores presentes ajudaram a elucidar, explicando que
enquanto as publicações underground buscam quebrar as regras sociais vigentes e
oferecer oposição, as alternativas traziam arte de vanguarda e extrapolavam
conceitos, como era o caso de Art Spielgeman e dos Irmãos Hernandez. Um exemplo
citado foi o fanzine Inglês Viz, que apesar
de underground, acabou sendo referenciado na arte dos aviões da força aérea
real, nos mostrando como o underground pode extrapolar os limites de seu próprio
conceito. Os anos 80 também marcaram o fortalecimento dos Syndicates, associações responsáveis pela distribuição das
tiras/HQs para os jornais americanos. O próximo capítulo será apresentado pelo
colega Maurício Kanno no dia 12 de fevereiro de 2016. Após a apresentação de
Omar, houve a tradicional troca de HQs do amigo secreto do Observatório. Nada mais havendo a tratar, o prof. Waldomiro, Presidente deste Colóquio, agradeceu a presença
de todos e para constar, eu, Daniela Marino, lavro a presente Ata, que vai
devidamente revisada pelo professor Waldomiro Vergueiro. Daniela Marino. São
Paulo, 15 de dezembro de 2015.
Ata do Colóquio Científico do Observatório de Histórias em Quadrinhos - Novembro de 2015
Realizou-se
o Colóquio Científico do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA/USP, na
sexta-feira, 06 de novembro de 2015, na sala 247 do Departamento de
Biblioteconomia e Documentação da ECA, das 20:00 às 22 horas com a seguinte programação: 1) apresentação da Prof.
Laan Mendes de Barros, da Unesp com a resultante de pesquisas sobre Quadrinhos
em narrativas transmídia e 2) discussão do capítulo 11 do livro Quadrinhos: História
moderna de uma arte global de Dan Mazur e Alexander Danner, sob a coordenação
de nosso colega Adriano Leonel. Nessa data, ausentaram-se,
Waldomiro Vergueiro (por motivo de viagem), e dentre alguns outros, também
Edilaine Correa e Dani Marino (que costumam realizar as atas). Portanto,
para que não se fique sem o registro, estou escrevendo essa ata-resumo, ainda
que com longo hiato, como se segue.
Na
apresentação do professor Laan, esclareceu-se uma interdiscursividade entre as histórias em quadrinhos e as
canções, enfatizando-se a desterritorialização no ciberespaço, enquanto que há
uma reterritorialização de constituição em novos territórios no próprio
universo da web e outros. Com isso, aparecem territórios híbridos e dinâmicos
que se reinventam a cada novas experiências estéticas, que podem ser entendidas
como “narrativas transmídias” (no sentido proposto por Henry JENKINS). Ou
então, conforme Vera Follain FIGUEIREDO, citada também por Laan, trata-se de um
fenômeno em que as narrativas se transferem de um meio e/ou suporte a outro,
deslizando-se. Um exemplo seria a narrativa audiovisual transmidiática, em que
o conteúdo se desdobra em filmes nos cinemas, videogames, HQs e seriados de
TVs.
Laan, então, enfatiza
relações interdisciplinares entre as canções populares que frequentemente
trazem em suas narrativas incorporações de outras narrativas. Estas, que são
histórias de amor e amizades, carregam natureza interdiscursiva abrindo-se a
novas interpretações e apropriações motivando outras experiências estéticas
(tanto a quem as executa com a quem as escuta), levando a outras expressões
como dança, expressões cênicas e artes visuais etc.
Se - enfatiza Laan - a
criação musical se encontra no plano da poética, a experiência da interpretação
e fruição se dá no plano da estética. Como exemplo, ele trouxe canções de
Adoniran Barbosa, cujas narrativas se transformam transversalmente em relações
outras discursivas. Outros exemplos, como bem nos mostrou, são as músicas
“Será” de Legião Urbana e “Saidera” do Skank, ambas
transformadas em HQs de Damasceno para “Quadrinhos Rasos”[1],
e “O Tempo não Pára” de Cazuza, feita em HQ por Luis Felipe Garrocha. Ainda, também
para “Quadrinhos Rasos”, “Pais e Filhos” da Legião Urbana. Laan nos forneceu
outros exemplos como os próprios personagens de quadrinhos que são
reinterpretados, como os de Mauricio de Sousa, retrabalhados na série Graphiq
MSP, por outros autores, como Danilo Beiruth, Shiko, Damasceno e Garrocho
dentre outros. Além de mais alguns, como o “Mural X Sampa” que
“é uma instalação de arte urbana interativa, constituída por um enorme painel
que narra em linguagem de histórias em quadrinhos o circuito músico-visual
realizado pelo estúdio músico – visual SOPA”[2],
formado por Bruno Mestriner e Yuri Garfunkel, que trabalham
interdisciplinarmente a música e a pintura, percorrendo as principais esquinas,
canções e compositores da cidade de São Paulo. Ao final, Laan deixa seus
contatos: laan.mb@uol.com.br
ou laan@faac.unesp.br .
Na segunda apresentação do
dia, houve a continuação da discussão do livro “Quadrinhos: História moderna de
uma arte global” de Dan Mazur e Alexander Danner, que enfocou capítulo 11 sob a
coordenação de nosso colega Adriano Leonel. Nele, expôs os
quadrinhos rebeldes nos EUA e Inglaterra. Mostrou as revistas “2000 A .D.” na Inglaterra com uma nova retomada da Ficção Científica e a “Saga de Fênix”
nos EUA, esta trazendo uma crescente complexidade de enredo que ajuda a criar
uma barreira aos novos leitores. Leonel, a partir do livro, mostra também
outros títulos como “Camelot 3000”
e “Mundo de Krypton” e “Crise nas Inifintas Terras”, bem como mini e
maxisséries, como pavimentação para títulos mais sofisticados buscando leitores
mais maduros.
Nessa
esteira vêm Howard Chaykin e Frank Miller, resultando cronologicamente em
séries e edições mais sofisticadas como, “Batman – ano 1” (Miller e Mazzuchelli), “A
Piada Mortal” (Moore e Bolland), dentre outros, incluindo a invasão inglesa,
com autores britânicos dando reforço aos quadrinhos mainstream
norte-americanos, e lapidando temas mais complexos, culminando em Watchmen
(Moore e Gibbons). É assim que a DC cria o Selo Vertigo.
Como conclusão
da reunião, tem-se que as duas exposições (Laan com as narrativas de HQ
transmídias e Leonel com o cap. 11 do livro de Mazur e Danner com as HQs
“rebeldes” dos EUA e Inglaterra) trouxeram bastante informação acerca do
potencial artístico e transmídia da Nona Arte, deixando o público do
Observatório bastante interessado e envolvido. Nada mais havendo a tratar, o prof. Waldomiro, Presidente deste Colóquio agradeceu
a presença de todos e para constar, eu, Gazy
Andraus, lavro a presente Ata, que vai devidamente revisada pelo professor
Waldomiro Vergueiro. São Paulo, 15 de novembro de 2015.
[2] Veja mais aqui: http://visitesaopaulo.com/blog/index.php/2013/02/mural-x-sampa/
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
Novo Livro: Os dois lados da Guerra Civil
A saga Guerra Civil foi uma das criações marcantes dos quadrinhos de super-heróis Marvel. Lançada pouco tempo depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001 às Torres Gêmeas, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos, a saga envolveu todos os principais heróis da mais popular editora de quadrinhos norte-americana em um conflito de consequências marcantes para o universo narrativo dessa empresa editorial. O impacto da série foi tão grande que teve repercussões até mesmo nas produções cinematográficas baseadas nos heróis da editora, com seu lançamento em grande tela já programado.
O livro Os Dois Lados da Guerra Civil: análise histórica e filosófica do maior conflito entre super-heróis busca analisar esse épico quadrinístico, enfocando sua importância no panorama dos quadrinhos de super-heróis e suas consequências para o Universo Marvel, sua história, o contexto de sua criação, os criadores e as narrativas paralelas. No livro, os autores Adriano Marangoni, Bruno Andreotti, Iberê Moreno e Maurício Zanolini analisam como o clima de medo e tensão desencadeado pelo episódio de 11 de setembro teve influências indeléveis na narrativa ficcional, discutindo a postura ideológica dos heróis sobre conceitos capitais da sociedade moderna, como os de Estado, Liberdade, Segurança, Tolerância e Preconceito.
Publicado pela Editora Criativo (http://blog.comix.com.br/tag/editora-criativo/), de São Paulo, em 2015, o livro tem 208 páginas e pode ser encontrado em pré-venda durante o mês de fevereiro na Editora Saraiva, com desconto (http://www.saraiva.com.br/os-dois-lados-da-guerra-civil-9262551.html).
Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro
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