Realizou-se
o Colóquio Científico do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA/USP, na
sexta-feira, 06 de novembro de 2015, na sala 247 do Departamento de
Biblioteconomia e Documentação da ECA, das 20:00 às 22 horas com a seguinte programação: 1) apresentação da Prof.
Laan Mendes de Barros, da Unesp com a resultante de pesquisas sobre Quadrinhos
em narrativas transmídia e 2) discussão do capítulo 11 do livro Quadrinhos: História
moderna de uma arte global de Dan Mazur e Alexander Danner, sob a coordenação
de nosso colega Adriano Leonel. Nessa data, ausentaram-se,
Waldomiro Vergueiro (por motivo de viagem), e dentre alguns outros, também
Edilaine Correa e Dani Marino (que costumam realizar as atas). Portanto,
para que não se fique sem o registro, estou escrevendo essa ata-resumo, ainda
que com longo hiato, como se segue.
Na
apresentação do professor Laan, esclareceu-se uma interdiscursividade entre as histórias em quadrinhos e as
canções, enfatizando-se a desterritorialização no ciberespaço, enquanto que há
uma reterritorialização de constituição em novos territórios no próprio
universo da web e outros. Com isso, aparecem territórios híbridos e dinâmicos
que se reinventam a cada novas experiências estéticas, que podem ser entendidas
como “narrativas transmídias” (no sentido proposto por Henry JENKINS). Ou
então, conforme Vera Follain FIGUEIREDO, citada também por Laan, trata-se de um
fenômeno em que as narrativas se transferem de um meio e/ou suporte a outro,
deslizando-se. Um exemplo seria a narrativa audiovisual transmidiática, em que
o conteúdo se desdobra em filmes nos cinemas, videogames, HQs e seriados de
TVs.
Laan, então, enfatiza
relações interdisciplinares entre as canções populares que frequentemente
trazem em suas narrativas incorporações de outras narrativas. Estas, que são
histórias de amor e amizades, carregam natureza interdiscursiva abrindo-se a
novas interpretações e apropriações motivando outras experiências estéticas
(tanto a quem as executa com a quem as escuta), levando a outras expressões
como dança, expressões cênicas e artes visuais etc.
Se - enfatiza Laan - a
criação musical se encontra no plano da poética, a experiência da interpretação
e fruição se dá no plano da estética. Como exemplo, ele trouxe canções de
Adoniran Barbosa, cujas narrativas se transformam transversalmente em relações
outras discursivas. Outros exemplos, como bem nos mostrou, são as músicas
“Será” de Legião Urbana e “Saidera” do Skank, ambas
transformadas em HQs de Damasceno para “Quadrinhos Rasos”[1],
e “O Tempo não Pára” de Cazuza, feita em HQ por Luis Felipe Garrocha. Ainda, também
para “Quadrinhos Rasos”, “Pais e Filhos” da Legião Urbana. Laan nos forneceu
outros exemplos como os próprios personagens de quadrinhos que são
reinterpretados, como os de Mauricio de Sousa, retrabalhados na série Graphiq
MSP, por outros autores, como Danilo Beiruth, Shiko, Damasceno e Garrocho
dentre outros. Além de mais alguns, como o “Mural X Sampa” que
“é uma instalação de arte urbana interativa, constituída por um enorme painel
que narra em linguagem de histórias em quadrinhos o circuito músico-visual
realizado pelo estúdio músico – visual SOPA”[2],
formado por Bruno Mestriner e Yuri Garfunkel, que trabalham
interdisciplinarmente a música e a pintura, percorrendo as principais esquinas,
canções e compositores da cidade de São Paulo. Ao final, Laan deixa seus
contatos: laan.mb@uol.com.br
ou laan@faac.unesp.br .
Na segunda apresentação do
dia, houve a continuação da discussão do livro “Quadrinhos: História moderna de
uma arte global” de Dan Mazur e Alexander Danner, que enfocou capítulo 11 sob a
coordenação de nosso colega Adriano Leonel. Nele, expôs os
quadrinhos rebeldes nos EUA e Inglaterra. Mostrou as revistas “2000 A .D.” na Inglaterra com uma nova retomada da Ficção Científica e a “Saga de Fênix”
nos EUA, esta trazendo uma crescente complexidade de enredo que ajuda a criar
uma barreira aos novos leitores. Leonel, a partir do livro, mostra também
outros títulos como “Camelot 3000”
e “Mundo de Krypton” e “Crise nas Inifintas Terras”, bem como mini e
maxisséries, como pavimentação para títulos mais sofisticados buscando leitores
mais maduros.
Nessa
esteira vêm Howard Chaykin e Frank Miller, resultando cronologicamente em
séries e edições mais sofisticadas como, “Batman – ano 1” (Miller e Mazzuchelli), “A
Piada Mortal” (Moore e Bolland), dentre outros, incluindo a invasão inglesa,
com autores britânicos dando reforço aos quadrinhos mainstream
norte-americanos, e lapidando temas mais complexos, culminando em Watchmen
(Moore e Gibbons). É assim que a DC cria o Selo Vertigo.
Como conclusão
da reunião, tem-se que as duas exposições (Laan com as narrativas de HQ
transmídias e Leonel com o cap. 11 do livro de Mazur e Danner com as HQs
“rebeldes” dos EUA e Inglaterra) trouxeram bastante informação acerca do
potencial artístico e transmídia da Nona Arte, deixando o público do
Observatório bastante interessado e envolvido. Nada mais havendo a tratar, o prof. Waldomiro, Presidente deste Colóquio agradeceu
a presença de todos e para constar, eu, Gazy
Andraus, lavro a presente Ata, que vai devidamente revisada pelo professor
Waldomiro Vergueiro. São Paulo, 15 de novembro de 2015.
[2] Veja mais aqui: http://visitesaopaulo.com/blog/index.php/2013/02/mural-x-sampa/
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