segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Ata do Colóquio Científico do Observatório de Histórias em Quadrinhos - Novembro de 2015



Realizou-se o Colóquio Científico do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA/USP, na sexta-feira, 06 de novembro de 2015, na sala 247 do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da ECA, das 20:00 às 22 horas com a  seguinte programação: 1) apresentação da Prof. Laan Mendes de Barros, da Unesp com a resultante de pesquisas sobre Quadrinhos em narrativas transmídia e 2) discussão do capítulo 11 do livro Quadrinhos: História moderna de uma arte global de Dan Mazur e Alexander Danner, sob a coordenação de nosso colega Adriano Leonel. Nessa data, ausentaram-se, Waldomiro Vergueiro (por motivo de viagem), e dentre alguns outros, também Edilaine Correa e Dani Marino (que costumam realizar as atas). Portanto, para que não se fique sem o registro, estou escrevendo essa ata-resumo, ainda que com longo hiato, como se segue.


Na apresentação do professor Laan, esclareceu-se uma interdiscursividade entre as histórias em quadrinhos e as canções, enfatizando-se a desterritorialização no ciberespaço, enquanto que há uma reterritorialização de constituição em novos territórios no próprio universo da web e outros. Com isso, aparecem territórios híbridos e dinâmicos que se reinventam a cada novas experiências estéticas, que podem ser entendidas como “narrativas transmídias” (no sentido proposto por Henry JENKINS). Ou então, conforme Vera Follain FIGUEIREDO, citada também por Laan, trata-se de um fenômeno em que as narrativas se transferem de um meio e/ou suporte a outro, deslizando-se. Um exemplo seria a narrativa audiovisual transmidiática, em que o conteúdo se desdobra em filmes nos cinemas, videogames, HQs e seriados de TVs.


Laan, então, enfatiza relações interdisciplinares entre as canções populares que frequentemente trazem em suas narrativas incorporações de outras narrativas. Estas, que são histórias de amor e amizades, carregam natureza interdiscursiva abrindo-se a novas interpretações e apropriações motivando outras experiências estéticas (tanto a quem as executa com a quem as escuta), levando a outras expressões como dança, expressões cênicas e artes visuais etc.


Se - enfatiza Laan - a criação musical se encontra no plano da poética, a experiência da interpretação e fruição se dá no plano da estética. Como exemplo, ele trouxe canções de Adoniran Barbosa, cujas narrativas se transformam transversalmente em relações outras discursivas. Outros exemplos, como bem nos mostrou, são as músicas “Será” de Legião Urbana e “Saidera” do Skank, ambas transformadas em HQs de Damasceno para “Quadrinhos Rasos”[1], e “O Tempo não Pára” de Cazuza, feita em HQ por Luis Felipe Garrocha. Ainda, também para “Quadrinhos Rasos”, “Pais e Filhos” da Legião Urbana. Laan nos forneceu outros exemplos como os próprios personagens de quadrinhos que são reinterpretados, como os de Mauricio de Sousa, retrabalhados na série Graphiq MSP, por outros autores, como Danilo Beiruth, Shiko, Damasceno e Garrocho dentre outros. Além de mais alguns, como o “Mural X Sampa” que “é uma instalação de arte urbana interativa, constituída por um enorme painel que narra em linguagem de histórias em quadrinhos o circuito músico-visual realizado pelo estúdio músico – visual SOPA”[2], formado por Bruno Mestriner e Yuri Garfunkel, que trabalham interdisciplinarmente a música e a pintura, percorrendo as principais esquinas, canções e compositores da cidade de São Paulo. Ao final, Laan deixa seus contatos: laan.mb@uol.com.br ou laan@faac.unesp.br .

 

Na segunda apresentação do dia, houve a continuação da discussão do livro “Quadrinhos: História moderna de uma arte global” de Dan Mazur e Alexander Danner, que enfocou capítulo 11 sob a coordenação de nosso colega Adriano Leonel. Nele, expôs os quadrinhos rebeldes nos EUA e Inglaterra. Mostrou as revistas “2000 A.D.” na Inglaterra com uma nova retomada da Ficção Científica e a “Saga de Fênix” nos EUA, esta trazendo uma crescente complexidade de enredo que ajuda a criar uma barreira aos novos leitores. Leonel, a partir do livro, mostra também outros títulos como “Camelot 3000” e “Mundo de Krypton” e “Crise nas Inifintas Terras”, bem como mini e maxisséries, como pavimentação para títulos mais sofisticados buscando leitores mais maduros. 


Nessa esteira vêm Howard Chaykin e Frank Miller, resultando cronologicamente em séries e edições mais sofisticadas como, “Batman – ano 1” (Miller e Mazzuchelli), “A Piada Mortal” (Moore e Bolland), dentre outros, incluindo a invasão inglesa, com autores britânicos dando reforço aos quadrinhos mainstream norte-americanos, e lapidando temas mais complexos, culminando em Watchmen (Moore e Gibbons). É assim que a DC cria o Selo Vertigo.


Como conclusão da reunião, tem-se que as duas exposições (Laan com as narrativas de HQ transmídias e Leonel com o cap. 11 do livro de Mazur e Danner com as HQs “rebeldes” dos EUA e Inglaterra) trouxeram bastante informação acerca do potencial artístico e transmídia da Nona Arte, deixando o público do Observatório bastante interessado e envolvido. Nada mais havendo a tratar, o prof. Waldomiro, Presidente deste Colóquio agradeceu a presença de todos e para constar, eu, Gazy Andraus, lavro a presente Ata, que vai devidamente revisada pelo professor Waldomiro Vergueiro. São Paulo, 15 de novembro de 2015.





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