quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Quadrinhos franceses e belgas - Parte 1


O capítulo intitulado French and Belgian Comics, de autoria de Mark McKinney, do livro The Routledge Companion to Comics, organizado por Frank Bramlett, Roy T Cook, and Aaron Meskin (New York: Routledge, 2017, p. 53 a 61) foi objeto de discussão no Colóquio Científico Virtual do Observatório de Histórias em Quadrinhos, realizado em 10 de novembro de 2023.

A apresentação do capítulo e coordenação da discussão foram realizadas por Gazy Andraus.



a - Origens suíças para quadrinhos franceses e belgas

Em 1996, dois grupos de especialistas apresentaram definições concorrentes de quadrinhos. Um deles, associado ao Centre Belge de la Bande Dessinée (CBBD) em Bruxelas, celebrou o centenário dos quadrinhos, inventados, segundo eles, quando o americano Richard Felton Outcault (1863–1928) introduziu balões de fala em seus quadrinhos Hogan's Alley ou Yellow Kid em 1896; o outro, incluindo Thierry Groensteen, associado ao Centro Nacional de Quadrinhos da França em Angoulême, argumentou, contrariamente que os quadrinhos foram inventados por Rodolphe Topffer (1799-1846), um cartunista suíço falecido 150 anos antes.

Topffer litografou e publicou suas próprias histórias em quadrinhos, a mais curta das quais tinha 52 páginas, em pequenas tiragens. Outcault, junto com outros cartunistas americanos de sua época, criou histórias em quadrinhos e páginas para produção em massa, jornais de grande tiragem, controlados por magnatas poderosos da imprensa. Com Topffer, os quadrinhos assumem a forma de um livro de artista, enquanto os dos cartunistas americanos são um meio de comunicação de massa.

Alguns estudiosos de quadrinhos argumentam que os quadrinhos de Topffer são de fato fundamentais para o futuro desenvolvimento de quadrinhos na Europa Ocidental e além. Vários cartunistas foram inspirados por Topffer

b - Influências transnacionais no balão de fala e publicações standards (broadsheets)

Pesquisa feita por especialistas de quadrinhos sobre as primeiras aparições de balões de fala nos quadrinhos franceses no final do século XIX e início do século XX têm rendido muitos exemplos, incluindo Sam et Sap [Sam e Sap] de Candide, obra colonialista com um grotesco caráter africano negro devendo muito ao menestrel (minstrelsy) e talvez inspirado em parte por Buster Brown.

Esse quadrinho e vários outros franceses do início do século XX são prova da influência de quadrinhos americanos com balões de fala, inclusive os publicados na edição parisiense do New York Herald. Estes últimos incluem Buster Brown, Little Nemo in Slumberland e Little Sammy Sneeze, de Winsor McCay, também rapidamente publicados como livros em tradução francesa. O intercâmbio entre os dois países era uma via de mão dupla na criação de quadrinhos.

Prof. Dr. Gazy Andraus 


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