A morte já foi representada graficamente de diversas maneiras nas histórias em quadrinhos. A mais classica, talvez, é a de uma mulher descarnada vestindo manto e capuz, carregando sempre uma foice, com a qual "ceifa" as almas dos seres vivos. Ela é em geral apresentada de forma horripilante, como nas narrativas do personagem Dylan Dog, ou com características humorísticas, como nas histórias dos Estúdios Maurício de Sousa. Mas a verdade é que essa representação pode variar de autor para autor, com alguns carregando mais nos pincéis.
Raí Garcia Mihi Barbalho Viana e Maria Isabel Borges, ambos da Universidade Estadual de Londrina, buscam um desses autores, o cartunista brasileiro Alberto Benett e analisam as formas como este realiza a representação da morte em sua obra. Como critérios de seleção do corpus, os autores elencam produções publicadas na página do Facebook “Benett Apavora”; gêneros tira cômica e charge; e produções que evidenciem a temática da morte por meio de símbolos visuais reconhecíveis (caveira, ceifador, esqueleto). Nesse sentido, o escopo temporal delimitado (janeiro de 2020 a abril de 2023) parece ter sido muito favorável, pois muitas produções abordavam a pandemia pela Covid-19.
O levantamento resultou em 52 textos sobre a morte, sendo 42 charges e 10 tiras. Para o artigo, intitulado "As faces da morte e o lado descarnado da vida segundo Benett", foram escolhidas cinco amostras para análise: duas tiras cômicas e três charges. O aporte teórico é composto por estudos sobre símbolos da morte, linguagem e gêneros das histórias em quadrinhos. A análise comprovou a prevalência da caveira e do ceifador, dada sugestão evocativa da morte, mas atestou que o efeito de sentido da utilização pode ser alterado de texto para texto.
O artigo representa mais uma adição ao dossiê das 7as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, que compõe um número especial da revista 9a Arte. Ver em: As faces da morte e o lado descarnado da vida segundo Benett | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).
Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro
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