segunda-feira, 8 de setembro de 2025
Artista italiana Cecília Capuana ministra palestra na ECA-USP
quarta-feira, 16 de julho de 2025
Review: The Dark Cities of Peeters and Schuiten
The Dark Cities of Peeters and Schuiten
Prof.
Dr. Roberto Elísio dos Santos[1]
The Cuban-Italian writer (1923-1985) presents cities with feminine names, all of which were mentioned by Marco Polo to Kublai Khan. Because the places are invisible, they cannot be found. Thus, over the millennia, there are those that are known worldwide, those that are unknown and forgotten (found only by diligent archaeologists), grandiose in their heyday and buried under earth and sand in their old age. There are also mythical ones told in fictional texts based on the creative imagination of poets and novelists, such as Atlantis and El Dorado.
The cities imagined by the French researcher and screenwriter Benoît Peeters and the Belgian cartoonist François Schuiten, who uses the light-line style, have retro-futuristic architecture, with glass buildings, ramps, staircases and, as in Brentano's L'ombre d'un homme, furniture based on close-up photographs of flowers and plants taken by German photographer and sculptor Karl Blossfeldt, whose name was simplified to designate the city where the story takes place. The helicopters, streetcars and trains follow the same shape, mixing old and modern elements. It is through this environment that the man whose shadow is transformed wanders. Each story of the series Les cités obscures focuses on sick and melancholic men who, like sleepwalkers or “soulless drunks”, seem to wander through dreamlike, nightmarish, maze places that hide secrets. The women, in turn, are, at the same time, sensual, courageous and impetuous, like Sarah, Sofia and Milena, among many others.
The inspiration for Les
murailles de Samaris may have been the historic walled city of Samaria,
located in the present-day Cisjordania (West Bank). Today, all that remains are
ruins, columns, wide stone-paved paths and intact rustic housing. In the album,
it is presented as “an architecture that seemed to blend together”, with tall
buildings and palatial and religious constructions, but “preserving traces of
the civilizations it sheltered” over time. One can also observe the combination
of components from different eras in the costumes worn by the characters. It is
there that a flâneur seeks to discover the secrets of the place, while
observing alleys and their inhabitants, in order to write a report for the
rulers of the imaginary metropolis of Xhystos. As he walks, he notices the
“bizarreness” of the windows and doors that are always closed, the absence of
children and the impression that the buildings changed location every time.
In La fièvre
d’Urbicande, on the other hand, the setting is a city designed entirely in
straight lines. The narrative begins with a petition written by the “urbictect”
Eugen Robick, who dislikes the baroque and art nouveau style of Xhystos and
other places – the chapter numbers, for instance, have a constructivist and
modern design. The character’s goal is to build a third bridge between the
north and south, separated by a river, so that his architectural project can be
completed and to create aesthetic harmony. However, the authorities do not want
the two banks to be joined for xenophobic, political and social reasons. The
change begins when the protagonist is given a cube made of an unknown material
(ore?) that grows “like a plant” and ends up connecting the two sectors. At
first, the situation is seen as a threat, especially by a conservative
politician. After the union, the structure allows the inhabitants to meet and
exchange, and they organize parties. The expansion of the building continues
until it disappears into the sky, which forces the creation of a connection
between the two Spaces, the third bridge.
La Tour, like La fièvre d’Urbicande, is printed in
black and white, except for painted images and the final part, which takes
place outside the Tower. The protagonist, Giovanni Battista, is a conservator –
his mission is to keep the building intact and repair the walls when the stones
become loose. Waiting in vain for an inspector to appear, he decides to
descend. To do so, he builds a kind of parachute that breaks apart and causes
him to fall to a city, where he is given the mission of reconnoitring (like the
protagonist of Les murailles de Samaris) and reaching the top. He
accepts the task and sets off, taking the young Milena with him. The costumes
are reminiscent of the Renaissance, but the buildings indicate that its
beginnings were built ages ago. Each floor has a different architectural style,
as do the objects and machines. The reason for erecting this monumental work,
inspired by Babel, is justified by the desire to “touch God with one’s own
hands”. It is also worth highlighting the use of fonts that resemble Roman
characters carved into stones, debris or remains of columns that appear at the
beginning of each chapter, synthesizing the album’s next narrative.
Other cities, imaginary
or not, are the space of the next albums. Even existing ones, such as Brussels
and Paris, are not as they are known, but shown in different ways, to the point
that only some elements are recognizable, for example the Eiffel Tower
surrounded by circular structures, as seen in L'ombre d'un homme.
References
CALVINO, Italo.
As cidades invisíveis. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 2003.
PEETERS, Benoît; SCHUITEN, François. L’ombre dun homme. Bruxelles: Casterman, 1999.
PEETERS, Benoît; SCHUITEN, François Les Murailles de Samaris. Bruxelles: Casterman, 2007.
PEETERS, Benoît; SCHUITEN, François. A febre de Urbicanda. Lisboa: Edições 70, 1987.
PEETERS, Benoît; SCHUITEN, François. A Torre. Lisboa: Edições 70, 2019.
[1] Jornalista, professor
aposentado do Programa de Pós-graduação da Universidade Municipal de São
Caetano do Sul (USCS), livre docente em Comunicação pelo CJE/ECA-USP e vice
coordenador do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP.
Resenha: As cidades obscuras de Peeters e Schuiten
As
cidades obscuras de Peeters e Schuiten
Prof.
Dr. Roberto Elísio dos Santos[1]
Italo Calvino
O escritor cubano-italiano
(1923-1985) apresenta cidades, todas elas com nomes femininos, citadas por
Marco Polo a Kublai Khan. Por serem invisíveis, não é possível encontrá-las.
Assim é que, ao longo de milênios, existem as que são mundialmente conhecidas,
as desconhecidas e as esquecidas (encontradas apenas por arqueólogos
diligentes), grandiosas em seu apogeu e enterradas sob terras e areias na sua
velhice. Há também as míticas, contadas em textos de ficção a partir da
imaginação criativa de poetas e romancistas, como Atlântida e Eldorado.
As cidades
imaginadas pelo pesquisador e roteirista francês Benoît Peeters e pelo quadrinista
belga François Schuiten, que utiliza o estilo da linha clara, possuem
arquitetura retrô-futurista, com prédios envidraçados, rampas, escadarias e,
como em Brentano, de L’ombre d’un homme, adereços nas mobílias e
edificações baseados nas fotografias de plantas em close-up
feitas pelo escultor alemão Karl Blossfeldt, cujo nome foi simplificado para
designar a urbe onde se passa a história. Os helicópteros, bondes e trens
seguem a mesma forma, misturando elementos antigos e modernos. É por este
ambiente que vaga o homem cuja sombra vai se transformando. Cada história é
focada em homens doentes e melancólicos, que, como sonâmbulos ou “bêbados sem
alma”, parecem percorrer locais oníricos, de pesadelos, labirínticos, que
escondem segredos. As mulheres, por sua vez, são, ao mesmo tempo, sensuais,
corajosas e impetuosas, a exemplo de Sarah, Sofia e Milena, entre tantas outras.
Talvez a
inspiração para Les
murailles de Samaris
tenha sido a cidade murada histórica Samaria, localizada na atual Cisjordânia.
Atualmente, sobraram ruínas, colunas, caminhos largos calçados com pedras e habitações
rústicas intactas. No álbum, ela é
apresentada como “uma arquitetura que parecia se misturar”, com edifícios altos
e construções palacianas e religiosas, mas “conservando os traços das
civilizações que abrigou” ao longo do tempo. Pode-se observar, também, a
combinação de componentes de várias épocas nos figurinos usados pelos
personagens. É ali que um flâneur procura descobrir os segredos do local,
sem deixar de observar ruelas e seus habitantes, para escrever um relatório
para os governantes da metrópole imaginária de Xhystos. Enquanto caminha,
percebe a “bizarrice” das janelas e portas sempre fechadas, a ausência de
crianças e a impressão de que as construções mudavam de lugar.
Em La fièvre
d’Urbicande, ao contrário, tem como cenário uma cidade toda projetada em
linhas retas. A narrativa tem início com a petição escrita pelo “urbicteto”
Eugen Robick, ao qual desagrada o estilo barroco e de arte nouveau de Xhystos e
outros lugares – os números dos capítulos possuem um design construtivista. Seu
objetivo é conseguir construir a terceira ponte entre o norte e o sul,
separados por um rio, para que seu projeto arquitetônico seja completado e para
que haja uma harmonia estética. No entanto, as autoridades não desejam a junção
das duas margens por questões xenofóbicas, políticas e sociais. A mudança
começa quando ao protagonista é entregue um cubo feito de material (minério?)
desconhecido que cresce “como uma planta” e acaba por ligar os dois setores. Em
princípio, a situação é vista como ameaça, principalmente por um político
conservador. Depois da união, a estrutura permite o encontro e o intercâmbio
dos habitantes, que promovem festas. A ampliação da edificação continua, até
ela desaparecer no céu, o que força a confecção de uma ligação entre os dois
espaços.
La Tour, da mesma forma que La fièvre d’Urbicande,
é impressa em preto e branco, à exceção de imagens pintadas e a parte final,
que se passa fora da Torre. O principal personagem, Giovanni Battista, é um
conservador – sua missão é manter a construção intacta e consertar as paredes
quando as pedras usadas se soltam. Esperando, em vão que um inspetor apareça,
resolve descer. Para tanto, constrói uma espécie de paraquedas que se despedaça
e leva à queda até uma cidade, onde recebe a missão de fazer o reconhecimento
(assim como o protagonista de Les
murailles de Samaris) e
chegar ao topo. Ele aceita o encargo e parte, levando consigo a jovem Milena.
Os trajes lembram o Renascimento, mas a edificação indica que seu começo se deu
eras atrás. Cada pavimento possui estilos diferentes, assim como objetos e
máquinas. O motivo do erguimento dessa obra monumental, inspirando-se em Babel,
justifica-se pelo desejo de “tocar Deus com suas próprias mãos”. Há que se
destacar também o uso de fontes que se assemelham a caracteres romanos
entalhados em pedras, destroços ou restos de colunas que aparecem no início de
cada capítulo.
Outras cidades,
imaginárias ou não, são o espaço das narrativas. Mesmo as existentes, como
Bruxelas e Paris, não como são conhecidas, mas mostradas de formas diferentes,
a ponto de só alguns elementos serem cognoscíveis, sendo um exemplo a Torre Eiffel
envolta em estruturas circulares.
Referências
CALVINO, Italo.
As cidades invisíveis. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 2003.
PEETERS, Benoît; SCHUITEN, François. L’ombre dun homme. Bruxelles: Casterman, 1999.
PEETERS, Benoît; SCHUITEN, François Les Murailles de Samaris. Bruxelles: Casterman, 2007.
PEETERS, Benoît; SCHUITEN, François. A febre de Urbicanda. Lisboa: Edições 70, 1987.
PEETERS, Benoît; SCHUITEN, François. A Torre. Lisboa: Edições 70, 2019.
[1] Jornalista, professor
aposentado do Programa de Pós-graduação da Universidade Municipal de São
Caetano do Sul (USCS). Livre docente em Comunicação pelo CJE/ECA-USP e vice
coordenador do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP.
sábado, 8 de fevereiro de 2025
Revista 9a Arte inicia a publicação de seu 13o volume
Em janeiro de 2025 demos início à publicação do volume 13 da revista 9a Arte, periódico de divulgação e aprofundamento de pesquisas sobre histórias em quadrinhos. Publicação oficial do Observatório de Histórias em Quadrinhos da Universidade de São Paulo, a revista disponibiliza seus artigos pelo sistema de publicação de fluxo contínuo, em que os artigos são colocados no ar à medida que são avaliados e aprovados para publicação.
Nos primeiros dois meses de 2025 já foram disponibilizados os seguintes artigos:
- Design social e a
representatividade LGBTQIAPN+ nas histórias em quadrinhos, de Cláudio Aleixo Rocha e Sophia Nunes de Almeida - Design social e a representatividade LGBTQIAPN+ nas histórias em quadrinhos | 9ª Arte (São Paulo)
- Dialética do(s) tempo(s):
explorando temporalidades em Watchmen (Moore/Gibbons), de Leonardo Girardi - Dialética do(s) tempo(s): explorando temporalidades em Watchmen (Moore/Gibbons) | 9ª Arte (São Paulo)
- Escovando a História a contrapelo: a narrativa decolonial na obra de Marcelo D'Salete, de Valter do Carmo Moreira – Escovando a História a contrapelo: a narrativa decolonial na obra de Marcelo D'Salete | 9ª Arte (São Paulo)
As submissões de artigos para a revista 9a Arte estão permanentemente abertas e podem ser realizadas em Submissões | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).
Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro
domingo, 12 de janeiro de 2025
Com a publicação de mais uma resenha e seu editorial, a revista 9a Arte fechou nos últimos dias de dezembro o seu volume 12, referente a 2024 (Edições anteriores | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).
Adotando o sistema de publicação de fluxo contínuo, em que os artigos são disponibilizados à medida que são avaliados e aprovados para publicação, a revista publica em média cerca de 10 artigos nacionais e 1 internacional por ano, além de no mínimo 4 resenhas de obras acadêmicas publicadas nos últimos dois anos, números que podem variar para mais dependendo das contribuições recebidas. A revista aceita artigos científicos sobre histórias em quadrinhos e temas correlatos, em todas as áreas do conhecimento.
Atualmente, além do volume normal - o 12, recém-fechado, e o 13, com os primeiros artigos já em processo de edição -, a revista 9a Arte está também publicando um dossiê especial dedicado aos trabalhos apresentado às 8as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos (2024: Dossiê 8as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos | 9ª Arte (São Paulo), realizadas em agosto de 2024, que já conta com 14 artigos publicados.
As submissões de artigos para a revista 9a Arte estão permanentemente abertas e podem ser realizadas no endereço Submissões | 9ª Arte (São Paulo) (usp.br).
Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro
quinta-feira, 9 de janeiro de 2025
Colóquio Científico Virtual do Observatório de Histórias em Quadrinhos da USP - 10 de janeiro de 2025
O próximo Colóquio Científico Virtual do Observatório de Histórias em Quadrinhos da USP, ocorrerá nesta sexta-feira, 10 de janeiro de 2025, das 20 às 22 horas. Neste colóquio, teremos a seguinte programação:
1. Apresentação do álbum em quadrinhos Damasco, de Lielson Zeni e Alexandre S. Lourenço, vencedor do Prêmio Literário Biblioteca Nacional, na categoria Quadrinhos, por Lielson Zeni.
2. Apresentação do Trabalho de Conclusão do Curso de Produção Multimídia da FAPCOM (Faculdade Paulus de Comunicação) de Victoria Alvarez, intitulado Garden Stars, sob a orientação da profa. Dra. Ediliane Boff.
Para receber o link do colóquio científico virtual do Observatório de Histórias em Quadrinhos da USP é necessário preencher um formulário no Google. Quem já o fez em outra ocasião não precisa repetir a inscrição.
https://docs.google.com/forms/
Ao início do Colóquio, certifique-se de DESLIGAR seu microfone e sua câmera. Indicamos também a utilização de fones de ouvido para reduzir ruídos. A reunião em vídeo (ao vivo) pode também ser acessada por celular. Em caso de PCs e laptops, recomendamos o browser Google Chrome.
Ao entrar, solicitamos a gentileza de se apresentar por chat, informando sua filiação institucional (se for o caso), seu email e o local de onde está participando. Utilize o chat para interagir com comentários e eventuais perguntas, que serão respondidas ao fim da apresentação. Lembramos que as apresentações no colóquio são gravadas e depois publicadas em nosso canal no Youtube.(Observatório de Histórias em Quadrinhos da USP - YouTube).
Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro
segunda-feira, 6 de janeiro de 2025
Ano de 2025 começa com mais 3 artigos publicados na revista 9a Arte
Acabam de ser publicados mais três artigos da revista 9a Arte (9ª Arte (São Paulo) (usp.br)). Tratam-se de trabalhos apresentados nas 8as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, realizadas em agosto de 2024 na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).
Os artigos são:
Ações inclusivas e diversidade nos quadrinhos: estudo de caso da 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba, de Daniela dos Santos Domingues Marino
A análise do monstro e da identidade social na história em quadrinhos Cansei de ser monstro de Felipe Ribeiro Campos.
O testemunho visual em Primavera em Tchernóbil, de Emmanuel Lepage, de Raphael Domingos de Ávila.
Os artigos estçao disponíveis para leitura e download no endereço 9ª Arte (São Paulo)
O prazo para envio de artigos para o dossiê encerrou-se em 03 de novembro de 2024. Os artigos encaminhados encontram-se em processo da avaliação pela Conselho Editorial da revista 9a Arte. Autores que perderam o prazo de submissão para o dossiê, podem submeter seus artigos à edição normal da revista, desde que atendam ao estipulado nas Diretrizes para autores, disponível em Submissão | 9ª Arte (São Paulo).
Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro