segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Ata do Colóquio Científico do Observatório de Histórias em Quadrinhos - Dezembro de 2015


Em quatro de dezembro de 2015, o Colóquio do Grupo de Pesquisa em Histórias em Quadrinhos da ECA-USP reuniu pesquisadores e/ou interessados por discussões e novidades do mercado editorial e acadêmico sobre histórias em quadrinhos. Presidida, pelo Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro, a reunião iniciou-se às 20:00 horas na sala 247 com a presença dos seguintes pesquisadores: Roberto Elísio dos Santos, Adriano Leonel, Karina Goto, Diego de Kerchove, André Moreira de Oliveira, Washington Luiz dos Santos, Nobuyoshi Chinen,  Moisés Baptista, Cristiane Santana Mathias, Simonia Fukue Nakagawa, Daniela Marino, Fernanda Alcântara, Paulo Ramos, Gazy Andraus, Priscila de Faria Freire, Ivana M Bambirra, Denis B. Oliveira, Luiz Carlos Salles, Maurício Kano, Ilton Lucas Silveira Rocha, Omar Sanchez. A reunião foi iniciada com a apresentação das aquisições dos participantes na Feira do Livro da USP, seguida pelo anúncio do 23º aniversário da Gibiteca Municipal de Santos por Daniela Marino. O Prof. Waldomiro agradeceu a divulgação e comentou sobre a sua mais recente publicação em parceria com a pesquisadora Regina Behar, Heróis da resistência: uma história dos quadrinhos paraibanos (1963-1991), pela Marca de Fantasia. O professor Paulo Ramos divulgou a data e o tema das próximas Jornadas Temáticas de Histórias em Quadrinhos que devem acontecer nos dias 12 e 13 de julho no Campus da Unifesp Guarulhos, seguidas no dia 14 pelo SEMESQ que acontece no mesmo lugar. O tema das Jornadas é “Reflexos do Real” cuja intenção é abordar como a realidade é representada em histórias não fictícias. Os participantes ainda comentaram sobre a Comic Com Experience ocorrida no final de semana anterior. Adriano Leonel e Fernanda Alcântara conseguiram assistir a alguns painéis com a Master Class ministrada por Scott McCloud e o painel de mulheres e quadrinhos.

 

 

 

 

 

 

 

 

  

Como de praxe, durante o colóquio foi discutido um livro teórico, na ocasião, a continuidade do livro Quadrinhos: História moderna de uma arte global de Dan Mazur e Alexander Danner, sob a coordenação de Omar Sanches, mais especificamente o décimo  terceiro capítulo, que tratou sobre O Alvorecer das Graphic Novels e a Geração Raw Comics. Sob a perspectiva de Bakhtin, Omar explicou que o estilo não gera os gêneros e que estes não devem ser estudados enquanto objetos, mas os textos inseridos nesses gêneros que devem ser observados. Eisner cunhou o termo Ghraphic Novel, que define um estilo com recursos narrativos próprios. Na mesma época, por volta dos anos 1980, houve um crescimento no número de publicações alternativas, gerando uma breve discussão sobre as diferenças entre o que seria alternativo e o que seria underground, o que os professores presentes ajudaram a elucidar, explicando que enquanto as publicações underground buscam quebrar as regras sociais vigentes e oferecer oposição, as alternativas traziam arte de vanguarda e extrapolavam conceitos, como era o caso de Art Spielgeman e dos Irmãos Hernandez. Um exemplo citado foi o fanzine Inglês Viz, que apesar de underground, acabou sendo referenciado na arte dos aviões da força aérea real, nos mostrando como o underground pode extrapolar os limites de seu próprio conceito. Os anos 80 também marcaram o fortalecimento dos Syndicates, associações responsáveis pela distribuição das tiras/HQs para os jornais americanos. O próximo capítulo será apresentado pelo colega Maurício Kanno no dia 12 de fevereiro de 2016. Após a apresentação de Omar, houve a tradicional troca de HQs do amigo secreto do Observatório. Nada mais havendo a tratar, o prof. Waldomiro, Presidente deste Colóquio, agradeceu a presença de todos e para constar, eu, Daniela Marino, lavro a presente Ata, que vai devidamente revisada pelo professor Waldomiro Vergueiro. Daniela Marino. São Paulo, 15 de dezembro de 2015.




Ata do Colóquio Científico do Observatório de Histórias em Quadrinhos - Novembro de 2015



Realizou-se o Colóquio Científico do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA/USP, na sexta-feira, 06 de novembro de 2015, na sala 247 do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da ECA, das 20:00 às 22 horas com a  seguinte programação: 1) apresentação da Prof. Laan Mendes de Barros, da Unesp com a resultante de pesquisas sobre Quadrinhos em narrativas transmídia e 2) discussão do capítulo 11 do livro Quadrinhos: História moderna de uma arte global de Dan Mazur e Alexander Danner, sob a coordenação de nosso colega Adriano Leonel. Nessa data, ausentaram-se, Waldomiro Vergueiro (por motivo de viagem), e dentre alguns outros, também Edilaine Correa e Dani Marino (que costumam realizar as atas). Portanto, para que não se fique sem o registro, estou escrevendo essa ata-resumo, ainda que com longo hiato, como se segue.


Na apresentação do professor Laan, esclareceu-se uma interdiscursividade entre as histórias em quadrinhos e as canções, enfatizando-se a desterritorialização no ciberespaço, enquanto que há uma reterritorialização de constituição em novos territórios no próprio universo da web e outros. Com isso, aparecem territórios híbridos e dinâmicos que se reinventam a cada novas experiências estéticas, que podem ser entendidas como “narrativas transmídias” (no sentido proposto por Henry JENKINS). Ou então, conforme Vera Follain FIGUEIREDO, citada também por Laan, trata-se de um fenômeno em que as narrativas se transferem de um meio e/ou suporte a outro, deslizando-se. Um exemplo seria a narrativa audiovisual transmidiática, em que o conteúdo se desdobra em filmes nos cinemas, videogames, HQs e seriados de TVs.


Laan, então, enfatiza relações interdisciplinares entre as canções populares que frequentemente trazem em suas narrativas incorporações de outras narrativas. Estas, que são histórias de amor e amizades, carregam natureza interdiscursiva abrindo-se a novas interpretações e apropriações motivando outras experiências estéticas (tanto a quem as executa com a quem as escuta), levando a outras expressões como dança, expressões cênicas e artes visuais etc.


Se - enfatiza Laan - a criação musical se encontra no plano da poética, a experiência da interpretação e fruição se dá no plano da estética. Como exemplo, ele trouxe canções de Adoniran Barbosa, cujas narrativas se transformam transversalmente em relações outras discursivas. Outros exemplos, como bem nos mostrou, são as músicas “Será” de Legião Urbana e “Saidera” do Skank, ambas transformadas em HQs de Damasceno para “Quadrinhos Rasos”[1], e “O Tempo não Pára” de Cazuza, feita em HQ por Luis Felipe Garrocha. Ainda, também para “Quadrinhos Rasos”, “Pais e Filhos” da Legião Urbana. Laan nos forneceu outros exemplos como os próprios personagens de quadrinhos que são reinterpretados, como os de Mauricio de Sousa, retrabalhados na série Graphiq MSP, por outros autores, como Danilo Beiruth, Shiko, Damasceno e Garrocho dentre outros. Além de mais alguns, como o “Mural X Sampa” que “é uma instalação de arte urbana interativa, constituída por um enorme painel que narra em linguagem de histórias em quadrinhos o circuito músico-visual realizado pelo estúdio músico – visual SOPA”[2], formado por Bruno Mestriner e Yuri Garfunkel, que trabalham interdisciplinarmente a música e a pintura, percorrendo as principais esquinas, canções e compositores da cidade de São Paulo. Ao final, Laan deixa seus contatos: laan.mb@uol.com.br ou laan@faac.unesp.br .

 

Na segunda apresentação do dia, houve a continuação da discussão do livro “Quadrinhos: História moderna de uma arte global” de Dan Mazur e Alexander Danner, que enfocou capítulo 11 sob a coordenação de nosso colega Adriano Leonel. Nele, expôs os quadrinhos rebeldes nos EUA e Inglaterra. Mostrou as revistas “2000 A.D.” na Inglaterra com uma nova retomada da Ficção Científica e a “Saga de Fênix” nos EUA, esta trazendo uma crescente complexidade de enredo que ajuda a criar uma barreira aos novos leitores. Leonel, a partir do livro, mostra também outros títulos como “Camelot 3000” e “Mundo de Krypton” e “Crise nas Inifintas Terras”, bem como mini e maxisséries, como pavimentação para títulos mais sofisticados buscando leitores mais maduros. 


Nessa esteira vêm Howard Chaykin e Frank Miller, resultando cronologicamente em séries e edições mais sofisticadas como, “Batman – ano 1” (Miller e Mazzuchelli), “A Piada Mortal” (Moore e Bolland), dentre outros, incluindo a invasão inglesa, com autores britânicos dando reforço aos quadrinhos mainstream norte-americanos, e lapidando temas mais complexos, culminando em Watchmen (Moore e Gibbons). É assim que a DC cria o Selo Vertigo.


Como conclusão da reunião, tem-se que as duas exposições (Laan com as narrativas de HQ transmídias e Leonel com o cap. 11 do livro de Mazur e Danner com as HQs “rebeldes” dos EUA e Inglaterra) trouxeram bastante informação acerca do potencial artístico e transmídia da Nona Arte, deixando o público do Observatório bastante interessado e envolvido. Nada mais havendo a tratar, o prof. Waldomiro, Presidente deste Colóquio agradeceu a presença de todos e para constar, eu, Gazy Andraus, lavro a presente Ata, que vai devidamente revisada pelo professor Waldomiro Vergueiro. São Paulo, 15 de novembro de 2015.





segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Novo Livro: Os dois lados da Guerra Civil



A saga Guerra Civil foi uma das criações marcantes dos quadrinhos de super-heróis Marvel. Lançada pouco tempo depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001 às Torres Gêmeas, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos, a saga envolveu todos os principais heróis da mais popular editora de quadrinhos norte-americana em um conflito de consequências marcantes para o universo narrativo dessa empresa editorial. O impacto da série foi tão grande que teve repercussões até mesmo nas produções cinematográficas baseadas nos heróis da editora, com seu lançamento em grande tela já programado. 

O livro Os Dois Lados da Guerra Civil: análise histórica e filosófica do maior conflito entre super-heróis busca analisar esse épico quadrinístico, enfocando sua importância no panorama dos quadrinhos de super-heróis e suas consequências para o Universo Marvel, sua história, o contexto de sua criação, os criadores e as narrativas paralelas. No livro, os autores Adriano Marangoni, Bruno Andreotti, Iberê Moreno e Maurício Zanolini analisam como o clima de medo e tensão desencadeado pelo episódio de 11 de setembro teve influências indeléveis na narrativa ficcional, discutindo a postura ideológica dos heróis sobre conceitos capitais da sociedade moderna, como os de Estado, Liberdade, Segurança, Tolerância e Preconceito

Publicado pela Editora Criativo (http://blog.comix.com.br/tag/editora-criativo/), de São Paulo, em 2015, o livro tem 208 páginas e pode ser encontrado em pré-venda durante o mês de fevereiro na  Editora Saraiva, com desconto (http://www.saraiva.com.br/os-dois-lados-da-guerra-civil-9262551.html).

Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro