Em seis de fevereiro de dois
mil e quinze, ocorreu o primeiro Colóquio do Grupo de Pesquisa em Histórias em
Quadrinhos da ECA-USP do ano, reunindo pesquisadores, professores e estudantes
com interesse no debate sobre a Nona Arte sob a coordenação do Prof. Dr.
Waldomiro Vergueiro. A reunião teve início às 20:00 horas, nas dependência do
Prédio Central da Escola de Comunicações e Artes, Sala 260, com a presença de
Roberto Elísio dos Santos, Nobuyoshi Chinen, André Moreira de Oliveira, Douglas
Pigozzi, Gazy Andraus, Moisés Baptista,
Regina Behar, Diego Andrade, Maurício Kanno, Luiz Salles, Cristiane
Santana Mathias, Lucas Rocha, André
Campos de Carvalho, Lielson Zeni, Jerônimo Strehl, Francisco de Assis, Simone
Tinti, Washington Luiz dos Santos, Beatriz Carvalho, Carlos Daniel S. Vieira,
Zilmara Pimentel, José Luiz dos Santos,
Luciano Thomé, Diego de Keikhove, Valéria Yida, Perivaldo Oliveira de Souza,
Nicole Louise, Karina Goto, Joaquim Ghirotti e Efrem Pedroza. Dando início à reunião o Prof. Waldomiro,
como de praxe, agradeceu a presença de todos e solicitou aos novos
visitantes/integrantes, breve apresentação a respeito de seu interesse na área
de histórias em quadrinhos e pelos trabalhos do grupo de pesquisa. Em seguida, trouxe
ao conhecimento de todos a aprovação
de três novos pesquisadores na seleção do Programa de Pós-graduação da ECA-USP
sob sua orientação: Beatriz Carvalho (mestrado), Carlos Daniel S. Vieira (mestrado)
e Douglas Pigozzi (doutorado), solicitando
aos mesmos que fizessem uma apresentação resumida sobre seus projetos de
pesquisa. Dando prosseguimento, informou sobre a defesa e aprovação, nesse
mesmo dia, da tese de doutorado de Juscelino Neco de Souza Junior, intitulada “O discurso autobiográfico nos quadrinhos:
uma arqueologia do Eu na obra de Roberto Crumb e Angeli”, desenvolvida sob
sua orientação. A referida tese, bem como um exemplar do International Journal of Comic Art, vol 16, nº. 2, circulou pela sala, para apreciação dos presentes. O
professor Waldomiro deu os novos informes sobre as 3ªs Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, a se
realizar em São Paulo, entre 18
a 21 de agosto de 2015. O evento, cuja primeira chamada
já se encontra no ar, tem Comissão Científica em processo de constituição e,
durante a semana que se inicia em 9 de fevereiro, divulgará a 2ª chamada com
prazos e regras para a apresentação de trabalhos. O professor informou, também,
a confirmação da participação de convidados internacionais no evento, a exemplo de Trina Robbins, uma das lideranças
do movimento feminista nos quadrinhos underground nos Estados Unidos e expoente
na pesquisa sobre as mulheres nos quadrinhos; Ian Gordon, historiador norte-americano,
autor de obras como Comic Strips and
Consumer Culture, 1890-1945 e Film and Comic Books, bem como o pesquisador inglês
Paul Gravett. Aberta a palavra para outros informes, o quadrinista e
pesquisador Gazy Andraus lembrou aos presentes os prazos para envio de
trabalhos para o congresso da ASPAS (Associação de Pesquisadores em Arte
Sequencial) com
encerramento previsto para o final de fevereiro. O professor Roberto Elísio fez
informes sobre HQs recentemente lançadas tais como a Coletânea de Histórias da Marvel feitas no Brasil (uma série não
autorizada), novo exemplar da Arquivo
X-Man, Coletânea de Histórias de
Vampirela, entre outras. O professor Nobuyoshi Chinen por sua vez,
complementou citando obras da Editora Marsupial: as biografias do Marcartti, de
Ivan Saidenberg e de Primaggio Mantovi, esta última de autoria do próprio Nobu
Chinen. Concluída essa etapa de informes, iniciou-se a atividade prevista em
convocação-convite para o colóquio, ou seja, a discussão do primeiro capítulo
do livro Quadrinhos: História moderna de uma arte global, de
Dan Mazur e Alexander Danner - tradução brasileira publicada pela Martins
Fontes em 2014. A discussão foi realizada sob a coordenação de nosso colega
Maurício Kanno. O pesquisador apresentou o esquema geral do livro, que se
propõe a tratar do percurso histórico dos quadrinhos nos Estados Unidos, na
Europa e no Japão, principalmente a partir do final dos anos 1960 e do
movimento underground. Na introdução, os autores apresentam uma breve
retrospectiva histórica dos quadrinhos nos espaços nacionais indicados e, no
primeiro capítulo, tratam do movimento Underground norte-americano e dos
desdobramentos posteriores ao declínio do mesmo. O capítulo apresentado por
Maurício debate os autores, temas e publicações do período underground em seu
viés contestatório, independente e inicialmente artesanal, que se confrontou
com a vertente de quadrinhos industriais, afirmando a trajetória autoral de
diversos e geniais autores que inovaram o campo da produção das HQs. O
movimento se afirmou como parte da onda contra cultural da qual fazem parte o
movimento hippie, a contestação do consumo capitalista e dos valores burgueses,
a ascensão do rock, o uso das drogas, o movimento feminista e a defesa do amor
livre. O enfoque ou caráter underground, presente nesses quadrinhos, afirmou fundamentalmente a liberdade
de expressão, desafiando as regras e a legislação (Comic Code) que
disciplinavam e restringiam a criação dos artistas de HQ. Esses quadrinhos traziam
temas sobre drogas, sexo, vícios e perversões, crítica à hipocrisia da
sociedade americana, feminismo e, outros, além de inovações temáticas, formais
e a afirmação de traços autorais que os pesquisadores inventariam em imagens.
No primeiro capítulo, os autores apresentam o movimento de forma panorâmica
iniciando com a referência à obra de Robert Crumb como principal expoente do movimento underground e, apresentam
outros autores, como Denis Kitchen, Gilbert Shelton, Jay Lynch, Clay Wilson, Kim
Deitch, Melinda Gebbie, Trina Robbins, Aline Kominsky, Greg Irons, Richard
Corben, George Matzger, entre outros. A obra traz a referência de revistas do
período em que veiculavam a produção desses quadrinistas, como a Zap Comix, Mad
Reader, a feminista Tits & Clits; personagens emblemáticos como Mr. Natural, Fritz, The Cat, Binky
Brown, etc. Após o boom do underground, o movimento coletivo se esgotou em
decorrência de fatores como edição de leis que dificultaram o esquema de
vendas, o fim da conjuntura de contestação radical reduzindo o efeito de choque
e o apelo mercadológico que as temáticas-chave dos quadrinhos underground exerciam sobre o público. A partir de
meados dos anos 70 se afirmava um momento de criatividade e renovação
independente ou alternativa, encampada por autores da geração underground,
sendo marco desse novo momento a iniciativa de Art Spiegelman e Bill Griffith com
a publicação da revista Arcade, The Comics
Revue, em 1975. Nesse momento, abre-se espaço para a vertente de não-ficção
representada por narrativas críticas de caráter histórico e político,
autobiografias e memórias. Concluída a discussão do texto, iniciou-se a segunda
apresentação da noite, enfocando a dissertação de mestrado de autoria de Efrem
Pedroza Bezerra, intitulada Will Eisner’s
the Spirit: o fascínio da imagem na arte sequencial defendida e aprovada no
Programa de Pós Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP em dezembro de
2014. Resumidamente, o pesquisador trouxe à discussão as especificidades do super-herói criado por Eisner, caracterizado
por suas limitações humanas, pelas “falhas” e ausência de superpoderes, um
perfil na contramão do típico super-herói americano, cujo modelo emblemático é
o Superman. Concluída a discussão do trabalho, a sessão foi encerrada, sendo a
próxima reunião do Colóquio marcada para o dia seis de março, no mesmo horário
e local, quando serão discutidos os capítulos dois e três da obra indicada, sob
a coordenação da colega Valéria Yida. Sem mais, a relatar, segue a ATA redigida
por mim, Regina Behar e revisada por Dani Marino e Edilaine Correa. São Paulo, seis de fevereiro de 2015.
Corrigindo datas da ASPAS (eu as forneci errado): envio de resumos de 2 de março a 30 de abril de 2015. Quaisquer dúvidas e para afiliação, escrevam para aspascontato@gmail.com
ResponderExcluirDúvida : qual dessas HQs goza de + popularidade hoje ?
ResponderExcluirjaponesa ou estadunidense ?