Em
seis de março de dois mil e quinze, ocorreu o segundo Colóquio do Grupo de
Pesquisa em Histórias em Quadrinhos da ECA-USP do ano, reunindo pesquisadores,
professores e estudantes com interesse no debate sobre a Nona Arte sob a
coordenação do Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro. A reunião ocorreu dentro da
programação da SEMANA DE EDUCOMUNICAÇÃO e contou com apresentação dos alunos
Natália Sierpinsk, Adriano Leonel e Danielo Reis sobre EDUCOMICS. Iniciada às
19h30min, nas dependências do Prédio Central da Escola de Comunicações e Artes,
Sala 211 (auditório), o Observatório estava representado por Roberto Elísio dos
Santos, Nobuyoshi Chinen, André Oliveira, Douglas Pigozzi, Gazy Andraus, Moisés
Baptista, Regina Behar, Maurício Kanno, Washington Luiz dos Santos,
Valéria Yida, Simonia Fukue Nakagawa, Bianca Agarie, Omar A. Sanches e Daniela
Marino. Os demais presentes eram provenientes dos cursos de comunicação da ECA
e Rádio e TV da FMU. Dando início às apresentações, os veteranos do curso de
Educomunicação da ECA versaram sobre as aplicações pedagógicas das HQs e
convidaram os novos alunos a participarem dos encontros do grupo,
disponibilizando inclusive o acervo pessoal de gibis compartilhado por Adriano
e Danilo. Embora a ECA já conte com um grupo de estudos de Histórias em
Quadrinhos, formalizado pelo Observatório, o grupo idealizado pelos 3 alunos e
batizado de Educomics já vem realizando encontros para debater temas
relacionados ao uso das HQs em sala de aula semanalmente. Danilo apresentou as
possibilidades encontradas nas histórias de Allan Moore, enquanto Adriano
reforçou o convite aos alunos para que participassem do grupo e falou sobre os
objetivos do Educomics, divulgando também a página no Facebook que serve como
uma extensão do projeto para que sejam debatidos tópicos pertinentes aos temas
propostos e Natália falou sobre os projetos acadêmicos que podem surgir a
partir das HQs, usando como exemplo um artigo que está escrevendo sobre o papel
da mulher em uma história da Jean Grey de X-Men.
O professor Waldomiro Vergueiro foi o convidado especial do curso de
Educomunicação para falar sobre a relevância dos estudos sobre Quadrinhos e de
como é importante que compartilhemos nossas experiências em eventos como estes.
Ressaltou que tanto o Observatório como o Educomics só têm a crescer com a
troca promovida pelos dois grupos. Seguindo a programação do Observatório, a
Prof.ª e psicanalista Valéria Yida coordenou a apresentação dos capítulos 2 e 3
do livro Quadrinhos: História moderna de uma arte global, de Dan Mazur e
Alexander Danner - tradução brasileira publicada pela Martins Fontes em 2014. Valéria explicou que com o declínio dos
super-heróis por volta dos anos 1970, muitas HQs underground surgiram e alguns
dos desenhistas da Marvel deixaram a editora, como foi o caso de Steve Ditko (Homem-Aranha
e Doutor Estranho), Jim Steranko (Nick Fury, agente da Shield) e
Jack Kirby. Neal Adams estreia nos quadrinhos em 1967 com desenho acadêmico e técnica impecável. Possuía
domínio da anatomia e um sombreado tracejado. Suas histórias eram ambientadas no
mundo real e seus heróis eram psicologicamente mais elaborados. Ainda nos anos
70, Enemy Ace de Joe Kubert apresenta
personagens mais realistas com uma narrativa sofisticada nos quadrinhos de
guerra, porém, não teve o reconhecimento como Hugo Pratt em Corto Maltese, ou
Jean Giraud em Tenente Blueberry. Com
desenhos mais futuristas, Jack Kirby – Quarteto
Fantástico e Poderoso Thor - vai para a DC em 1970 e seus super-heróis
recebem ares de deuses. Em 75 retorna à Marvel. Em 1971 Gil Kane e Archie Goodwin
lançam Blackmark: pequena edição em brochura,
para ser vendida em livraria ao invés de bancas de jornais com ficção pictórica
em preto e branco. Não há bordas dos quadros, uso de tipos no lugar da escrita
à mão. Então, vieram os artistas nascidos após a 2ª guerra e que formavam uma
comunidade de fãs da EC e passaram a publicar sua arte em forma de fanzines.
Eles foram buscar inspiração em artistas do início do século XX das tiras de
jornal, como Alex Raymond (Flash Gordon), Hal Foster (Príncipe
Valente); em ilustradores de revista Howard Pyke, como Charles Dana Gibson;
das revistas em quadrinhos de romance, terror e faroeste dos anos 1950 dos
artistas da EC Comics, como Wallace Wood, Johnny Craig, Alex Toth, etc. A
técnica usada consistia no uso de caneta de pintura e nanquim para conferir aos
personagens uma anatomia clássica com o contraste de luz e sombra. Os temas
giravam em torno do terror, ficção científica, espada e bruxaria. Em 1972 Berni
Wrightson e Len Wein lançam o Monstro do
Pântano em estilo gótico e sombrio, chiaroscuro,
como um filme de terror. Em 73 Wein, juntamente com Michael Kaluta empresta
seus traços expressionistas para conferir uma atmosfera noir ao clássico O Sombra,
que além dos ângulos exagerados, apresentava personagens retorcidos e
estilizados. Finalizando a apresentação, Valéria falou sobre o encontro do Mainstream com o Underground, pontuando os seguintes acontecimentos: 1974: Mike
Friedrich, editor e escritor da DC e Marvel abre uma pequena gráfica para
publicar Star Reach, antologia em p/b
de FC e fantasia, lançou material novo até 1979. Nesta época: rede de lojas
especializadas em quadrinhos. Trabalhos fugiram do Código de Censura aos
Quadrinhos: nudez, sexo e violência podem aparecer. Ao longo da
apresentação alguns colegas fizeram comentários que contribuíram para
esclarecimento de questões ou complementação de informações, entre eles,
Waldomiro Vergueiro, Gazy Andraus e Roberto Elísio. Para concluir o evento, o professor
Waldomiro convidou todos para o próximo colóquio que acontecerá no dia 10 de
abril de 2015, nas instalações da ECA – USP e eu, Daniela Marino, compartilhei
que, por ocasião do dia internacional das mulheres, os artistas Hector Lima,
Pablo Casado e Mario Cau lançaram uma HQ online e gratuita chamada Pão e Rosas e que pode ser conferida no
link http://ficticia.org/blog/112841674211/leia-pao-e-rosas-de-hector-lima-mario-cau-e-pablo-casado.
Sem mais a relatar,
segue a ATA redigida por mim, Daniela Marino, e revisada por Regina Behar e
Edilaine Correa, São Paulo, seis de março de 2015.
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