A editora inglesa Routledge, conhecida por seus livros didáticos e acadêmicos, lançou no mês de junho a Journal of Graphic Novels and Comics, publicação que tem como missão cobrir todos os aspectos dos quadrinhos com ênfase nos seus contextos cultural, institucional e criativo, conforme manifestado em seu editorial. Como mandatório em revistas científicas, a Journal tem um Conselho Editorial, formado por acadêmicos da área de diversos países, e os artigos, antes de publicados, passam pelo crivo de outros estudiosos, o que é chamado de peer-review, para garantir sua idoneidade.
A revista é dirigida por David Huxley e Joan Ormrod, professores da Universidade Metropolitana de Manchester, nomes pouco conhecidos no meio quadrinhísitco, mas seu editor consultivo é Roger Sabin, autor de vários livros sobre quadrinhos, entre os quais o obrigatório Comics, Comix and Graphic Novels.
O número de estreia, propositalmente, trata de assuntos polêmicos. Aborda questões de gênero, etnia e política, temas que têm ganhado força no âmbito dos estudos das HQs, antes mais restritos a seus aspectos histórico e semiológico.
O primeiro artigo, que aborda os personagens judeus nos quadrinhos ingleses, foi escrito por Paul Gravett, autor do livro Mangá: Como o Japão reinventou os quadrinhos, lançado no Brasil pela Conrad. O segundo, de Gareth Schott, explora o tema da homossexualidade dos super-heróis, começando pelo alvo preferido de análises nessa linha: a dupla Batman e Robin. Outro texto, de autoria de Maggie Gray, faz um panorama do contexto político da criação da série V de Vingança, de Alan Moore e David Lloyd. Phillip Cunningham trata de um tema étnico sob uma perspectiva diferente, em vez de debater a falta de personagens negros nos quadrinhos, ela vai além e questiona a ausência de vilões negros. No último artigo, Andrew Lesk comenta sobre o nacionalismo canadense, na análise da graphic novel Louis Riel, biografia quadrinizada por Chester Brown.
Embora a revista se proponha a ser internacional e esteja aberta a colaborações do mundo inteiro, os autores dessa primeira edição, sem exceção, são anglófonos. Todos são nascidos ou lecionam em universidades da Inglaterra, Nova Zelândia, Estados Unidos e Canadá. Com isso, perde-se a oportunidade de se conhecer trabalhos produzidos em outros países e de outras culturas.
Além dos cinco artigos, o volume de 90 páginas é complementado por resenhas do álbum Che, a biography, de Sid Jacobson e Ernie Cólon, e dos livros teóricos Art Spiegelman: conversation e Of comics and men. Este último, tradução de uma obra francesa. Por sinal, a resenha elogia a iniciativa da edição e comenta sobre a falta de versões em inglês de livros sobre quadrinhos publicados em outros idiomas, notadamente, o francês.
Segundo a programação da Journal of Graphic Novels and Comics, serão publicados dois números por ano: um em junho e outro em dezembro.
A editora vende assinaturas anuais em duas modalidades: a individual, que se restringe a edições impressas, e a institucional, que também dá direito ao acesso à versão on line. Nesta fase de lançamento, todo o conteúdo do Journal pode ser baixado gratuitamente no link:
http://www.informaworld.com/smpp/title~db=all~content=g922763634Nobu Chinen
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