A pesquisa foi desenvolvida em nível de doutoramento por Aristeu Elisandro Machado Lopes, no Programa de Pós-Graduação em História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob a orientação do Prof. Dr. Cezar Augusto Barcellos Guazzelli.
O autor da tese, docente do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas, não é novato na temática "imprensa ilustrada". Ele já enfocou esse assunto em sua dissertação de mestrado em História, também na UFRGS (2006) e em seu trabalho de conclusão da graduação em História, na UFPEL (2003), além de vários trabalhos apresentados em eventos da área de História. Na graduação e mestrado, no entanto, debruçou-se sobre a imprensa ilustrada da cidade de Pelotas.
A pesquisa de doutorado teve por objetivo primordial analisar como o ideário republicano foi tratado nas páginas de humor dos periódicos ilustrados que circularam na cidade do Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX. A imprensa ilustrada teve um amplo desenvolvimento na época do Segundo Império, circulando ao lado de jornais diários e literários. Os mais diversos assuntos da vida da Corte eram noticiados por esses jornais, com destaque para as atividades políticas. A pesquisa vai analisar especificamente títulos como Semana Illustrada (1860-1876), A Vida Fluminense (1868-1875), O Mosquito (1869-1877), O Mequetrefe (1875-1893), Revista Illustrada (1876-1898) e Don Quixote (1895-1903).
Como não poderia deixar de ser, esses jornais não passavam ao largo das diversas tendências políticas do país, refletindo em suas páginas o embate de diversas ideologias. A propaganda republicana, inaugurada em 1870 no Rio de Janeiro, logo passou a figurar nas ilustrações e nos textos dos artigos dos jornais. A tese buscou analisar a simbologia republicana difundida nos jornais ilustrados brasileiros, principalmente a partir da Revolução Francesa e da República, instituída em 1792. Destaca-se, nesse sentido, a alegoria feminina da República, o elemento mais empregado pelos caricaturistas ao tratar das questões republicanas, ao lado do barrete frígio, elemento característico dos ideais republicanos.
Num primeiro momento, a tese discute os princípais periódicos que acompanharam as atividades republicanas ao longo de sua campanha até a Proclamação da República, em 1889. Em seguida, direge sua análise para averiguar como a simbologia foi aproveitada para tratar não mais da campanha em prol do novo regime político e sim do governo republicano no Brasil. Conclui que, desde os anos 1870, quando o ideário republicano começou a fazer parte da vida política brasileira, até a primeira década republicana, nos anos 1890, os símbolos foram usados pelos artistas em suas produções, evidenciando a importância dos periódicos ilustrados para a análise da história política no Brasil.
Embora não tratando especificamente de histórias em quadrinhos, mas de gênero correlatos - a imprensa ilustrada e o humor gráfico -, trata-se de uma pesquisa de muito interesse para os estudiosos de quadrinhos, pois se debruça sobre o trabalho de grandes ilustradores e discute o papel da imagem gráfica na constituição do imaginário coletivo nacional. Certamente, representa uma contribuição importante para a área de estudos sobre literatura gráfica sequencial, especialmente considerando que traz a contribuição do ponto de vista histórico. O diálogo transdisciplinar é muito importante para o desenvolvimento da nossa área.
Versão integral da tese de doutorado pode ser obtida no seguinte endereço eletrônico: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/23233.
Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro
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