sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

A inventividade da Disney europeia


Desde a década de 1930, os quadrinhos Disney são produzidos na Europa sob licenciamento da empresa estadunidense. Entre os europeus, os roteiristas, artistas e editores italianos destacaram-se pela inovação e pela engenhosidade. Romano Scarpa, Giorgio Cavazzano (ainda na ativa), Giovan Battista Carpi, Massimo de Vita, entre outros, ganharam notoriedade entre os fãs de vários países e legaram suas formas gráficas e sua originalidade à nova geração de quadrinhistas, a exemplo de Casty (Andrea Castellan).

Este último tem como inspiração a obra de Romano Scarpa, um dos quadrinhistas que ajudou a definir o “estilo italiano” dos fumetti Disney, e que também criou novos personagens e roteiros diferentes dos tradicionais. No Brasil, a edição dos quadrinhos Disney esteve aos cuidados da editora Abril por 68 anos. Agora, essas novas histórias têm sido publicadas nas páginas das revistas produzidas pela Culturama, especialmente no título bimestral O Grande Almanaque Disney, que, pela quantidade maior de páginas, comporta narrativas mais longas.

A editora francesa Glénat, fundada em 1969 por Jacques Glénat, é responsável por álbuns de grande beleza estética e realizados por diversos nomes do quadrinho europeu da atualidade. Há edições com formatos diferenciados, como Café “Zombo”, que recria, em um álbum horizontal, as tiras de aventuras do Mickey feitas por Floyd Gottfredson na década de 1930. No álbum Mickey All Star, diversos artistas criam uma página cada um, sempre com o ratinho entrando por uma porta na primeira vinheta e saindo por outra na última. Este personagem também é o protagonista de A Juventude de Mickey, na qual ele conta para seu incrédulo netinho as aventuras que vivenciou; Misteriosa Melodia, que apresenta a primeira vez em que Mickey vê a Minnie, em uma prequela ao desenho animado O barco a vapor; e Super Mickey, na qual os super amendoins do Pateta ajudam Mickey a frustrar a fuga de bandidos, entre eles o Bafo-de-Onça. A computação gráfica é usada em Horrifikland para realçar a narrativa de terror.

Não se pode esquecer o pato Donald estrela de As mais alegres aventuras de Donald, onde apronta muitas confusões, como sempre. Nomes importantes dos quadrinhos europeus são os autores destes álbuns, a exemplo do suíço Bernard Cosey, dos franceses Nicolas Keramidas, Tebo (Frédéric Thébault), Régis Loisel e Lewis Trodndheim, além dos italianos Fabrizio Petrossi e Federico Bertolucci. Os álbuns editados pela Glénat têm um acabamento requintado e as narrativas e as artes fogem do convencional e, com os artistas listados acima, os desenhos são mais sofisticados ou simplificados e até têm o mesmo tratamento dos comix underground. No Brasil, a publicação desta série  fica a cargo da editora Panini.

Por fim, a editora Universo dos Livros coloca à disposição dos leitores a quadrinização de desenhos da Disney ou da Pixar, como graphic novels ou no estilo de mangá: A Bela e a Fera, Cruella de Vil, Descendentes, Encanto, Red – Crescer é uma fera, Elementos, entre outros títulos, que, normalmente, são destinados principalmente para o público-juvenil.

Prof. Dr. Roberto Elísio dos Santos

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