Em 27 de março de 2023, na cidade de São
Paulo, a professora Beth foi morta por um adolescente de 13 anos. Poucos
dias depois, em 5 de abril, um homem matou quatro crianças em uma creche na
cidade de Blumenau, em Santa Catarina. Duas tragédias recentes, ambas em
ambiente escolar, que chocaram a sociedade brasileira.
Foram tragédias inusitadas, que levantaram muitas
dúvidas e indagações. Por que ocorreram? O que motivou os perpetradores
desses crimes? Que circunstâncias concorreram para que eles ocorressem. Tendo
essas questões como pano de fundo, Maria Isabel Borges, professora e
pesquisadora da Universidade Estadual de Londrina, Paraná, resolveu
pesquisar como o mundo das histórias em quadrinhos reagiu às tragédias,
analisando a produção de três quadrinistas que publicam em mídias sociais.
O resultado dessa pesquisa é apresentado no artigo “Tragédia
na escola: quadrinhos, percepção e representação”, em que a professora
mostra a percepção dos artistas Alisson Affonso, Genildo e Daniel Lafayette
sobre essas duas tragédias, buscando relacionar linguagem, representação e
performatividade a partir da compreensão da linguagem quadrinística. Para
isso, ela realizou a análise de seis textos em quadrinhos, publicados no
Instagram.
A pesquisa permitiu concluiu que os quadrinistas
compartilham a linguagem dos quadrinhos na sua atividade artística e
profissional, mas não percebem e/ou representam as duas tragédias igualmente.
Cada um deles realiza escolhas e assume responsabilidades quando
os textos se tornam públicos. Atuam como “porta-vozes” das vítimas
(Alisson e Genildo), críticos da sociedade e do bolsonarismo (Lafayette,
Genildo e Motta).
Esse instigante artigo, publicado no dossiê
especial das 7as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos
da revista 9ª Arte, pode ser lido e baixado no endereço https://www.revistas.usp.br/nonaarte/article/view/219554.
Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro
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